Se, por um lado, as plataformas de conteúdo on demand trouxeram os filmes para dentro de casa, ao alcance de um clique, por outro, o excesso de oferta e a renovação constante da programação, fazem com que muitos filmes extraordinários passem despercebidos aos usuários. Pensando em nossos leitores, fizemos uma seleção de filmes novos, lançados nos últimos dois anos, disponíveis no catálogo da Netflix.
Alguns filmes contam histórias que parecem fantasiosas, mas que são metáforas para o mundo em que vivemos e dizem mais sobre a realidade do que imaginamos. É preciso estar atento e ler as entrelinhas, ser sensível aos detalhes e receber a mensagem. Muitas vezes, elas nos golpeiam como um chute no estômago de tão indigestas e cruelmente verdadeiras. Se você precisa deste banho de realidade, confira essa seleção de produções cinematográficas da Revista Bula.
Quando Michael Schumacher estreou na Fórmula 1, em 1991, o brasileiro Ayrton Senna já havia conquistado o campeonato mundial por duas vezes — e seria tricampeão naquele mesmo ano. Os arranca-rabos entre os dois, expressões máximas do ofício a que se dedicavam — e o alemão fora por grande parte da vida apenas mais um dos milhões de fãs de Senna —, recebem a devida atenção durante o primeiro ato de “Schumacher” (2021), documentário dirigido pelos alemães Hanns-Bruno Kammerstöns, Michael Wech e Vanessa Nöcker.
O britânico Alex Garland, já reverenciado pelo trabalho como roteirista em “Extermínio” (2002) e “Sunshine: Alerta Solar” (2007), apresenta um desempenho de fôlego na direção de “Ex-Machina: Instinto Artificial” (2015). A ficção-científica, primorosa ao sugerir os perigos do uso desmedido da inteligência artificial, segue quente até o desfecho, quando conduz o público a momentos de terror sutil, merecendo, com toda a justiça, ser considerada a produção mais marcante do gênero desde sua estreia, em 2015.
A partir de 1973, é instaurada uma ditatura civil-militar no Uruguai que se estende até 1985. José “Pepe” Mujica, Mauricio “Ruso” Rosencof e Eleuterio “Ñato” Fernández Huidobro, militantes dos Tupamaros, guerrilha de orientação marxista-leninista, passam a se destacar em ações como roubos a bancos e logo são vistos como uma espécie de santos rebeldes, por distribuírem o espólio entre os mais humildes. Pepe, Ruso e Ñato acabam capturados pelas forças de repressão uruguaias e amargam doze anos de cadeia, ao longo dos quais perdem a juventude, mas não a esperança.
