Livros

O Nelson Rodrigues japonês, só que masoquista

O Nelson Rodrigues japonês, só que masoquista

Queria falar de Junichiro Tanizaki como alguém que vislumbrou um bem-querer em meio ao caos. Não é minha intenção, aqui, tomar um distanciamento crítico nem escrever uma resenha ou algo que o valha. O que desejo é reafirmar a identidade que somente um leitor apaixonado pode ter com os livros que lhe tocaram, já falei disso numa crônica recente publicada na Bula.

O Professor do Desejo, de Philip Roth, uma sátira sem freios sobre o instinto mais primitivo do homem: o sexo

O Professor do Desejo, de Philip Roth, uma sátira sem freios sobre o instinto mais primitivo do homem: o sexo

Luxúria e vaidade são pecados de interesse quase unânime, independe de classe social, status cultural ou lugar, do mundo. Não devíamos perder tempo e dinheiro com livros de terceira categoria para apreciá-los bem; devíamos ler logo “O Professor do Desejo”, de Philip Roth. O autor é bem conhecido no Brasil, onde parte expressiva de sua obra — incluindo os principais trabalhos — foi traduzida pela Companhia das Letras.

O Diabo no Corpo, de Raymond Radiguet, o romance visceral que venceu o tempo

O Diabo no Corpo, de Raymond Radiguet, o romance visceral que venceu o tempo

Raymond Radiguet, apesar da curta vida — e talvez por conta dela — teve muitas semelhanças com seu compatriota Rimbaud: aluno brilhante, gênio descoberto precocemente, circulou ainda adolescente no meio literário de Paris, teve como mentor um artista de destaque, no caso dele, Jean Cocteau, que, para as más línguas, era mais do que isso (os historiadores ainda debatem sobre a extensão dessa relação, mas não percamos tempo com amenidades), publicou pouco — dois romances e um livro de poemas — embora uma obra notadamente visceral.

Agosto, de Rubem Fonseca: a honestidade como ficção Zeca Fonseca / Divulgação

Agosto, de Rubem Fonseca: a honestidade como ficção

Na madrugada de 24 de agosto de 1954, o então presidente da República, Getúlio Vargas, sacramentou com o próprio sangue a fama de raposa política. Houve uma crise institucional no país, e quando ninguém mais imaginava uma saída e se acreditou que a oposição enfim chegaria ao poder, Vargas conseguiu, uma vez ainda, e de forma trágica, surpreender seus golpistas. Para compensar o cadáver do major da aeronáutica Rubens Florentino Vaz e desequilibrar o jogo em favor já não de seu governo, mas de um estrategista excepcional, o presidente tomou a corajosa decisão de fazer de si próprio outro mártir.