O século 21 trouxe uma nova modalidade de pessoas: os acumuladores de streaming. Confesso que eu me encaixo neste perfil e assino mais plataformas do que consigo acompanhar. Então, claro que a atenção acaba mais em umas que em outras. A Netflix, por exemplo, é impossível de viver sem. Com um dos catálogos mais atraentes do mercado, ficar sem ela é ficar desatualizado do que há de melhor da produção cinematográfica do momento.
A raiva é um sentimento que produz alto engajamento nas redes sociais. Mas o fato de o algoritmo te mostrar postagens raivosas a todo momento é apenas uma resposta à forma como as pessoas têm se comportado. Todos estão revoltados. Todo mundo está p*to e isso tem uma lógica. Com todo o cenário que se desenha no mundo, de pandemia, colapso ambiental, crise econômica, violências contra minorias, governos autoritários em diversos países e outras coisitas mais, a humanidade está vivendo seus dias de fúria.
Histórias de adolescentes sem qualquer traquejo social, loucos para se inserir no mundinho dos clubes do Bolinha e da Luluzinha, hoje convertidos em grupos de Whatsapp, canais do YouTube e similares, são alvo do interesse de cineastas desde sempre, sendo traduzidas em filmes de viés dramático, cômico, tragicômico, quase sempre reveladores. Em “Eighth Grade” (2018), Bo Burnham consegue dar sua versão à melancolia involuntariamente engraçada da adolescência, uma trama que se pauta pela emoção e pela doçura que encanta todo mundo, no catálogo da Netflix.
Dizem que não se brinca com algumas coisas. Mas, será mesmo? Alguns humoristas argumentam que não há limites para a comédia e que o bom senso é uma linha feita para ser cruzada. Nesta lista, a Revista Bula selecionou alguns filmes disponíveis na Netflix que vão mostrar que tudo na vida pode virar piada. Então, se você for uma pessoa sensível, melhor nem clicar.
“Desaposentado” após quase uma década de rancores mal digeridos num trabalho anterior, Steven Soderbergh dá a volta por cima com “High Flying Bird” (2019), em que esmiúça os intestinos cancerosos do basquete profissional americano, administrado com mão de ferro pela NBA. A trama, que integra o time da Netflix, compõe uma análise leve (e inteligente) dos aspectos menos óbvios do esporte, maciçamente composto por jogadores negros, que vira-e-mexe se sentem desvalorizados pelos chefões da liga — com toda a razão. Sobretudo quando não conhecem seus meandros.
