Todo carnaval eu me lasco
Estou promovendo a minha autobiografia não autorizada. Espero que vocês aprovem, já que eu não. Prova disso é que a hipérbole se constitui uma figura de linguagem inerente aos apaixonados. Boas doses de exagero e de melodrama não farão mal algum. Todo carnaval eu me lasco. Desde criancinha que eu me lasco. Dentro da barriga da minha mãe, eu já me lascava com aquele tremendo pressentimento de que nasceria num período bombástico da história, em pleno regime militar, ao som do Hino da Bandeira ou de alguma marchinha carnavalesca misógina. Nunca eu queria ter vindo ao mundo na pele de uma mulher.