Crônica

Do risco de ser gentil em tempos grosseiros

Do risco de ser gentil em tempos grosseiros

“Sobe”, grita o homem correndo para o elevador lotado, prestes a iniciar sua viagem rumo ao topo do prédio comercial de 20 andares. A essa hora da manhã, perder o elevador significa chegar atrasado ao trabalho, então ele corre mais rápido. Nenhuma das tantas pessoas já embarcadas faz qualquer esforço para ajudá-lo em sua empreitada. Ninguém segura a porta de aço, ninguém aperta o botão que retarda a partida da nave, ninguém sequer lhe dirige um olhar de solidariedade e torcida, “corre, pobre diabo, você vai conseguir, eu acredito em você”. Nada. Ninguém.

“Sem tesão não há solução”

“Sem tesão não há solução”

No final dos anos 80, quando muitos dos futuros leitores da Revista Bula ainda não tinham nascido, um irrequieto psiquiatra, Roberto Freire, nadando por rios primitivos do imaginário — e posicionando-se contra a corrente de hábitos carcomidos, assumiu pensar fora da caixa do social. Atirou ao lixo os restos de discursos terapêuticos mascarados, acolchoados em bolsas de gelo verbal. Quebrou as plácidas e acomodatícias normas do bem viver.

Os cretinos também amam

Os cretinos também amam

Cretinos quase sempre estão apressados, atrasados, pois são preguiçosos, desorganizados, odeiam acordar cedo. Enquanto usa o banheiro, o homem cretino grita que a mulher providencie, o mais rápido possível, o café da manhã, o qual ele devora, afobado, como se transasse. A vingança é um prato que se come frio: homens cretinos costumam ter ejaculação precoce.

Eike Batista: o orgasmo de torrar 34 bilhões de dólares

Foi um fenômeno transcendental. Sobretudo para quem não é muito ligado nas fofocas do mundo corporativo, para quem não é assinante Você S/A (espécie de “Contigo” para executivos), ver surgir de uma hora pra outra uma fortuna tão prodigiosa, como a de Eike Batista. Principalmente num país como o nosso em que os ricos de nosso ciclo de relacionamento normalmente quebram quando batem o carro (se não têm seguro).

Nunca durma com pessoas que não sonham

Nunca durma com pessoas que não sonham

Morrer de rir. Morrer de amor. Morrer de saudades. Morrer de sede em frente ao mar. Plagiar um verso do Djavan. Nada disso me interessa. Não é que eu tenha medo da morte, é que ela simplesmente me irrita. A maldade — esta, sim — me dá arrepios, pois bem sei do inato talento humano para desgraçar com a vida alheia.