Crônica

Cuidado. Aquele que lhe puxa o saco quer mesmo é puxar-lhe o tapete

Cuidado. Aquele que lhe puxa o saco quer mesmo é puxar-lhe o tapete

Incapaz de um raciocínio mais complexo que contar os minutos para a hora da próxima refeição, ele nem desconfia de que pertence a uma espécie ordinária, a mais danosa entre todas as pragas que hoje assolam o mundo, mais daninha que o gafanhoto, a traça, o cupim, o spam ou as duplas sertanejas. Nem imagina o quanto encarna fielmente o clássico bajulador. Ele mesmo, o bom e velho puxa-saco. Acredite. Essa racinha miserável não tem mãe. Nasce em casulos pendurados nas protuberâncias que ficam na região pélvica de artistas, celebridades, endinheirados de alguma classe, políticos de qualquer cargo e chefes de toda sorte.

Tem mãe que não presta nem quando vai  parir

Tem mãe que não presta nem quando vai parir

Tem mãe que não presta para ser mulher. Muito menos serve para existir sobre a face desta cambaleante terra. Mas, você sabe, existem as tais das convenções civilizatórias que teimam, num ato reflexo, em colocar na redoma, incensar como deusa, aquela nobre e pretensamente santa criatura que nos deu à luz. Ok, é fato que muitos de nós logo advertiremos termos sido aquinhoados pelas melhores mães do mundo. Importa então esclarecer — ninguém está aqui imbuído do papel de discutir tais afirmações, nem tampouco retrucar tal veemência nesta assertividade.

Quando eu morrer toquem o Álbum Branco dos Beatles

Quando eu morrer toquem o Álbum Branco dos Beatles

O desconhecimento de um ser pelo outro é ainda mais aviltante nos dias de hoje, em que as pessoas não estão atentas ao que se diz, ao que se sente, fazendo com que muitas informações diárias relevantes se percam pelo caminho, na roda-viva das grandes cidades, na correria urbana desenfreada na qual o trabalho e a busca pela redenção financeira estão acima das relações humanas mais primárias como, por exemplo, tomar um pingado num copo americano sujo de batom, enquanto se observa a vida passar pelas calçadas.

Toda autoridade pública deveria ter amante

Toda autoridade pública deveria ter amante

Amante é mais do que qualquer procuradoria ou controladoria; é uma espécie de achadoria combinada com delatoria. Sem contar que o camarada quando tem amante fica mais cauteloso. Evita praticar certos golpes contra a administração pública porque sabe que a amante está de olho full time. Mas se o tal agente mete a mão no erário assim mesmo, a amante logo vai reivindicar o quinhão de que ela se acha no direito. E vai reivindicar numa proporção maior do que o agente acha razoável.

Nós e nossa grandiosa capacidade de supervalorizar ninharias

Nós e nossa grandiosa capacidade de supervalorizar ninharias

O universo que o perdoe, mas agora ele quer vingança. Desforra. Castigo. Retaliação. Isso não vai ficar assim. Mas não vai mesmo. Você não sabe com quem mexeu. Agora ele vai até o fim. Enquanto não varrer a sua raça do universo, ele não terá um só instante de descanso. Machucado no fundo da alma, ele sofre por não ter nascido de sangue frio e colhões em chamas. Tivesse o mínimo de coragem e um pouco mais de força, avançaria sozinho contra você, como um rinoceronte furioso, de sangue nos olhos e veneno nos chifres. E esfregaria no asfalto a sua cara lavada e sem vergonha.