Crônica

Um dia o mundo há de acordar nas mãos de uma criança que dorme

Um dia o mundo há de acordar nas mãos de uma criança que dorme

O estadista sobe ao plenário de um importante encontro de líderes mundiais com um nó na garganta. Um instante atrás, antes de deixar sua casa rumo à rodada de negociações repleta de homens e pautas que definirão a sorte de milhões de pessoas sem rosto e sem nome, ele tinha visto seu filho pequeno dormindo. A lembrança de sua cria descansando segura, tranquila, alimentada e aquecida ocupara sua cabeça durante todo o percurso até o auditório onde a imprensa internacional se acotovela ansiosa.

Crescer é aprender a dizer adeus para certas coisas

Crescer é aprender a dizer adeus para certas coisas

Aprende-se a viver mais de mansinho, a morrer sem estardalhaço, a trocar a costumeira arrogância por duas doses de humildade. A trancar mentiras feias nas gavetas da consciência. Aprende-se a buscar rotinas mais éticas, um corpo mais harmonioso, relações mais mágicas e férteis, no amor e no trabalho. Aprende-se a dançar um tango vertiginoso, embebido em estrógenos e testosteronas que circulam sem parar pelos salões da tentação.

Os números governam o mundo

Os números governam o mundo

O mês de agosto do ano que vem terá características prodigiosas: dele constarão cinco sextas-feiras, cinco sábados e cinco domingos. Segundo os versados em calendários, essa conjunção de fatores ocorre somente a cada 823 anos. Portanto, nós que estamos passando pela aventura de viver nos tempos de hoje, jamais teremos a oportunidade de presenciar esse fenômeno outra vez.

“Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão”

“Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão”

Quem nunca sentiu em plena luz do dia o mundo cinzento e circunspecto à sua volta, levante a mão. As palavras saindo da boca sem ordem e sem juízo. O discurso atrapalhado, estendendo os braços por detrás de sentenças inteiras sobrepostas umas sobre as demais. Brincadeira ainda verde de cabra-cega, esgueirando os restos de infância através de um corpo decididamente maduro. Quem nunca ansiou compor de quietude seus gestos e de apaziguamento sua mente? Confesse enquanto há tempo.

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser

Ignorância, brutalidade ou primitivismo é o que não faltam mesmo nas mais abastadas famílias, rodeadas de caviar e etiquetas. Todo mundo, não dá para negar, carrega pedras na alma. Raiva e lodo por detrás de sorrisos quase imaculados. Cegueiras de todo o tipo, que nos impedem de enxergar a fertilidade e o despertar delicado de certas relações ou de belos e abençoados momentos da natureza. Os olhares licorosos perdidos no pôr do sol, um modo especial de acariciar seu bichinho de estimação.