Crônica

Eu, um grandessíssimo idiota

Eu, um grandessíssimo idiota

Há pouquíssimas vantagens em envelhecer. Dá para contá-las nos dedos, sem se desesperar. Não falo isso de cátedra, pois, afinal de contas, ainda não cheguei ao ápice da minha decadência físico-mental, enquanto criatura animal viva. Tenho só 56. Se não me atropela um trem, se não me esmaga um piano que se atira de um prédio, pode ser que atinja esse triste e indelével patamar evolutivo que outra coisa não é senão uma deslavada involução do corpo e da mente.

FICA 2022: o nome das coisas Pablo Regino / MTur

FICA 2022: o nome das coisas

Parece que em algum momento da história os humanos descobriram o fogo para, no futuro, ser possível a invenção do fogão à lenha. Assim, a comida caipira poderia ser inventada. Há quem não goste da tradicional comida da roça? Posso sustentar que a resposta é não, baseado em pesquisas científicas comportamentais, significativas. O fato é que, nessas viagens ao interior, procuram-se restaurantes de comida da fazenda como se busca um prêmio.

Um amor profundo demais para ser revelado Lasse Behnke / Dreamstime

Um amor profundo demais para ser revelado

Era uma jovem branca, esguia, lisa e delicada como uma tulipa espetada nos jardins de Holambra. Era uma mulher mais livre do que uma rajada de vento. Os micróbios não cultivavam melindres de raça e de gênero, não estavam nem aí para a aparência das pessoas. Quem via cara não via coração. Era assim mesmo que o contágio funcionava. Assim era a vida. Assim era a vida.

Suruba e carnificina na longa fila das refugiadas

Suruba e carnificina na longa fila das refugiadas

Por trás das estratégias de guerra prevalecia um front de insensíveis composto por boçais autoritários e por impotentes sexuais que não se assumiam como fracassados. O amor era apenas mais um daqueles sentimentos caros que tinham fugido do coração dos homens para destinos absolutamente desconhecidos.