Crônica

Velha demais para dar ouvidos aos idiotas

Velha demais para dar ouvidos aos idiotas

Não estou gostando nada nada nada dessa história de mamãe voltar a fazer aulas de dança do ventre. Eu sei que isso não é da minha conta, que não posso mandar na vida dela como ela já mandou na minha, um dia, quando fui criança. Se quiser dançar, dance, mamãe. Mas, por favor, se não for pedir muito, ao menos tape o ventre com alguma peça avulsa do seu vestuário de bailarina porque, senão, quem vai dançar sou eu.

Eu podia estar roubando, mas, estou apenas escrevendo poesia

Eu podia estar roubando, mas, estou apenas escrevendo poesia

Mastigo tão poucas vezes. Engulo os alimentos tão precipitadamente. Na autoridade dos seus 85 anos, mamãe, que anda devagar porque já andou depressa, pergunta que pressa é essa, meu filho. Ela adora ouvir Almir Sater. Amo a sua frágil meiguice. Tem Rivotril de sobra no colo dela, dentre outras redundâncias de bem-querer. Nunca me disse com a boca, filho eu te amo. Nem precisava. Calado, leio o que os vincos da sua pele apergaminhada têm a dizer.

E o Oscar vai para… Paul Smith / Featureflash

E o Oscar vai para…

O Oscar está chegando e as apostas já estão rolando. Que filme vai ganhar? Quem vai ser o melhor ator? Será que essa cerimônia vai ser ainda mais chata que as anteriores? Quem vai dar um tapa na cara de quem? Quem vai vestir a roupa mais esquisita? A cerimônia do Oscar não tem a menor cerimônia de durar mais de três horas. Começa com o tapete vermelho, que é aquela hora de comentar os vestidos das atrizes jovens e as plásticas das “experientes”.

Os tamancos da Dorinha

Os tamancos da Dorinha

Paguei a conta no balcão e caminhei até a estação de trem mais próxima. Foi a última vez que nos falamos. Ele não apareceu no diário na segunda-feira. Muito menos, Dorinha. Ficaram desaparecidos até quarta-feira, quando ouvimos pelo Rádio Nacional que o corpo de Nelson Rodrigues fora encontrado dentro de um conto que eu escrevera, num singelo quarto de hotel situado no Leme.

Lembranças sem sentido

Lembranças sem sentido

Toda vez que eu passo pela linha Vermelha, em direção ao túnel Rebouças e vejo um conjunto de prédios que fica bem na entrada do viaduto Paulo de Frontin, eu me lembro de um sujeito que serviu comigo no exército. Sim, eu servi o exército! Passei um ano no CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva).