Crônica

Machadianices de um observador atáxico

Machadianices de um observador atáxico

Inaugurar uma coluna é um desafio muito interessante, ainda mais quando não se quer dar sermões da montanha, nem ser crucificado, mas já sabendo que o caminho é com a “cruz” nas costas. Dizem que cada um carrega (ou Deus dá) a cruz que consegue. Gosto dessa imagem, apesar de saber que, por vezes, a cruz é muito pesada e isso faz com que a hora do descanso seja levada em conta, mesmo sendo ateu.

Mulheres são demônios que leem a mente

Mulheres são demônios que leem a mente

Gostava de frequentar as feiras gastronômicas. Essas feirinhas noturnas, de rua, onde a gente se fartava com espetinhos de gato, pastéis de vento, cerveja gelada e conversa fiada. Tava faminto. Comia com os olhos as pernas de uma mulher desconhecida que tagarelava sem parar segurando uma criança de colo de um lado e um copo de cerveja do outro. Belas panturrilhas tinha a equilibrista.

Encontro falado

Encontro falado

Os dois eram amigos de infância que se reencontraram depois de um longo tempo sem se verem. Gostaram do encontro e a partir desse dia, combinaram um almoço semanal. E levaram a sério o combinado, todas as quartas-feiras se encontravam no mesmo restaurante, já tinham uma mesa cativa. Sobre o que conversavam? Eles não sabiam. O problema é que os dois eram desse tipo de gente que fala sem parar e sem escutar o interlocutor.

O homem que morreu por dentro

O homem que morreu por dentro

Não se apoquentem. O homem que morreu por dentro passa bem. Um tanto amargo, em certa medida. Afinal, viver não é brinquedo. Esse sujeito de cerne mumificado não cogitava, contudo, se matar. Ele tinha morrido fazia um longo e arrastado tempo, já se acostumara à descomunal insignificância dos próprios sentimentos que ele rotulava como bobagens. Vivia de forma reservada, desprovido de amigos e de achegados.

Rua General Marquês de Visconde

Rua General Marquês de Visconde

Eu cismo com os nomes de rua no Brasil. Mania de dar nome de gente para as ruas. E pior: nem sempre é nome só de gente, as vezes é nome de político.  Nada mais típico na política brasileira do que usar o poder para homenagear amigos e correligionários, figuras que as vezes tem importância efêmera, cujo nome será rapidamente e, na maioria das vezes, justamente esquecido.  Mas a rua sobrevive carregando o seu nome para sempre, sem que ninguém mais saiba quem foi a figura.