Ideias

A ficção e o pensamento após o 11 de setembro de 2001

A cultura consegue aceitar qualquer personagem ou história, por mais polêmico que seja. Algo de humano pode aparecer em ladrões, perversos, malucos de rua e caubóis que barbarizam no Velho Oeste. Das figuras problemáticas, apenas os terroristas não têm vez. Essa interpretação do mundo faz parte de um trecho do romance “Mao II” (1991), do norte-americano Don DeLillo, e é um fio da meada para pensar os caminhos tomados pela arte e pelo pensamento após os atentados de 11 de setembro de 2001.

A culpa da crise hídrica é do STF e dos índios que não fizeram a dança da chuva

A culpa da crise hídrica é do STF e dos índios que não fizeram a dança da chuva

Encontrar culpados pelos seus próprios erros é um grande vício dos seres humanos. Tal desvirtude ocorre, notadamente, pelo medo do fracasso; ao confrontarmos uma realidade em que falhamos, tendemos a buscar respostas em fatores outros que não as nossas próprias atitudes. Em determinado estádio da vida, contudo, amadurecemos e chegamos ao apogeu da responsabilidade — momento em que assumimos uma postura de adulto e confrontamos os fantasmas da culpa.

Cancelamento é tão velho quanto o teatro grego

Cancelamento é tão velho quanto o teatro grego

A expiação dos gregos antigos era a expulsão do indivíduo da pólis. Ele assim carregava todos os males e os conflitos da cidade para fora dela. No cancelamento digital, ocorrem o “dislike” e o “unfollow” de um perfil, provocando isolamento. Faz-se um sacrifício de uma pessoa por meio de um tribunal informal de internautas. Nada mais, nada menos, do que já se conhece e faz há milênios.

O poder da história e (da república) das BANANAS!

O poder da história e (da república) das BANANAS!

Um famoso experimento com macacos explica quão é importante valorizarmos e compreendermos a história. Diferentemente dos primatas desprovidos de um córtex pré-frontal desenvolvido, não podemos nos dar ao luxo de alegar não termos recursos para lembrar, não importa se vivemos ou não a situação em questão.

Menos Nelson Rodrigues, mais Vianinha

Menos Nelson Rodrigues, mais Vianinha

Há um livro ou um documentário a ser feito para contar a história da construção do mito Nelson Rodrigues. O dramaturgo, cronista de jornal e romancista menor que, nos últimos 30 anos, foi levado ao panteão de grande literatura. A partir de avaliações questionáveis, ele alcançou o patamar dos pensadores da alma humana, de um moralista na tradição do século 18 ou de um “Montaigne do Brasil”, segundos os intérpretes mais entusiasmados.