Ambientada na Madrid vibrante do final do século 19, “A Dama de Companhia” ressignifica o papel de uma figura tradicionalmente secundária, colocando-a no centro de uma trama densa e repleta de nuances. Elena Bianda (Nadia de Santiago) construiu sua reputação como uma espécie de arquiteta dos bons costumes, assegurando que jovens de famílias influentes chegassem ao casamento sem incidentes.
“A Lista da Minha Vida” tenta ocupar um espaço de originalidade entre tantas fórmulas repetidas ao construir uma trama que mescla leveza e introspecção, conduzindo a protagonista por um percurso de autodescoberta impulsionado por um desafio póstumo de sua mãe. A premissa, que poderia se tornar mais uma narrativa genérica, ganha fôlego ao explorar a ideia do reencontro com desejos esquecidos e da reavaliação de escolhas passadas, evocando uma nostalgia que dialoga com o espectador.
Mais do que uma viagem nostálgica aos hits que marcaram uma geração, o longa de Eduardo Albergaria mergulha nas camadas profundas da amizade entre Claudinho & Buchecha, expondo a fragilidade por trás da fama meteórica. Ao reconstituir os bastidores de uma dupla que transformou a dor em dança, o filme encontra na ausência um discurso mais potente do que qualquer refrão, propondo uma escuta atenta ao que nunca foi dito.
Nada é tão terapêutico para alguém que atravessa uma daquelas aniquiladoras crises existenciais da juventude que pensar nas mil esperanças que guardam novas atitudes e posturas que rompem com tudo de certo que pensávamos fazer, e “A Lista da Minha Vida” revela-se uma história cheia de lances tensos, apesar de amaciados pelo elenco, belo e jovem, e pela condução quase farsesca.
Billy Wilder (1906-2002) já havia falado a respeito em “Crepúsculo dos Deuses” (1950), quiçá a peça cinematográfica definitiva sobre velhas divas que se recusam a envelhecer e tanto menos a descer da ribalta, e cercam-se de todos os artifícios que podem na intenção de se convencer de que para elas o tempo não passou. “A Farsa” emula muito do que Wilder apresenta em seu belo e divertido filme, recorrendo a uma ou outra atualização a fim de manter o público interessado. Nicolas Bedos é hábil ao misturar o clássico e o contemporâneo na elaboração de uma história sem muita novidade, mas ainda assim estimulante.
