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O melhor filme de abril: obra-prima com Tilda Swinton e Julianne Moore acaba de estrear na Netflix Iglesias Más / El Deseo

O melhor filme de abril: obra-prima com Tilda Swinton e Julianne Moore acaba de estrear na Netflix

Mais uma vez, Almodóvar prova estar afinado com seu tempo ao trazer à superfície outro rol de polêmicas, embaladas, como sói acontecer, em cores berrantes e luminosas, em “O Quarto ao Lado”, uma forçosa reflexão acerca da finitude que persegue-nos a todos. Inspirado em “O que Você Está Enfrentando” (2020), romance da americana Sigrid Nunez, o roteiro de Almodóvar é um eterno vaivém de cenas marcadas pela doçura e uma avalanche da realidade dolorosa de que alguém tenta livrar-se pagando com a própria vida.

Ação com Melissa McCarthy e Elisabeth Moss para quem é fã de adaptações de HQs, na Max Divulgação / BRON Studios

Ação com Melissa McCarthy e Elisabeth Moss para quem é fã de adaptações de HQs, na Max

Nas vielas abafadas de uma Nova York setentista, não são os gritos nem os tiros que mais ecoam, mas sim o silêncio cortante de mulheres que cansaram de esperar por permissão. “Rainhas do Crime” nasce dessa tensão: um campo de batalha onde as protagonistas não imploram por espaço — elas o reivindicam com sangue e cálculo. Adaptado da minissérie da Vertigo e dirigido por Andrea Berloff, o longa se anuncia como um gesto audacioso de inversão narrativa: três esposas de mafiosos, relegadas à invisibilidade enquanto os maridos comandavam o submundo, decidem não apenas sobreviver à ausência dos homens, mas tomar de assalto o poder que eles deixaram para trás.

Filme considerado pela ciência um dos mais perturbadores de todos os tempos chegou ao Prime Video Divulgação / 2929 Productions

Filme considerado pela ciência um dos mais perturbadores de todos os tempos chegou ao Prime Video

O mundo desabou, mas não de forma espetacular — apenas foi desbotando, lentamente, até restarem o silêncio, a fome e a cinza. “A Estrada” percorre os escombros dessa ausência com uma precisão devastadora, acompanhando um pai e seu filho que caminham sem destino, agarrados a uma ideia tênue de sobrevivência. Nada aqui é explicado; tudo é sentido — como ferida que não estanca, mas também não se esquece.

Para maratonar em um dia: a melhor série já feita e que ficou escondida por tempo demais, no Prime Video Divulgação / Amazon Studios

Para maratonar em um dia: a melhor série já feita e que ficou escondida por tempo demais, no Prime Video

É por meio dessa estrutura bicamada, inovadora e provocadora, que Armstrong costura uma crítica incisiva às clássicas sitcoms americanas — como “Friends”, “How I Met Your Mother”, “Everybody Loves Raymond” e “Married With Children”, entre outras — nas quais os homens ocupam o centro da narrativa, enquanto as mulheres orbitam ao redor deles, existindo apenas para suprir seus caprichos e alimentar seus egos inflados. Nessas séries, os protagonistas masculinos são constantemente infantilizados e se isentam de responsabilidade por seus comportamentos egoístas.

O maior faroeste existencialista da história do cinema está no Prime Video — e não tem herói, redenção ou trilha sonora Divulgação / Miramax Films

O maior faroeste existencialista da história do cinema está no Prime Video — e não tem herói, redenção ou trilha sonora

Num deserto onde até o silêncio parece armado, três homens seguem destinos cruzados por dinheiro, desespero e morte. “Onde os Fracos Não Têm Vez” é mais que um thriller de perseguição: é uma parábola sombria sobre a erosão da moral num mundo onde a violência já não pede justificativas. Os irmãos Coen traduzem McCarthy em cinema seco, implacável, assombrosamente lúcido e carregado de presságios viscerais.