Filmes

Um filme de apenas 56 minutos, que cabe no seu dia, “Feliz Ano Nosso” é uma produção francesa dirigida por Frank Bellocq, que mostra como conexões improváveis podem surgir de acontecimentos inesperados. Gael e Hannah são dois desconhecidos que ficam presos na cabine do elevador quando estão a caminho de festas de Ano Novo. Ao acionarem o alarme, o atendente diz que o resgate só será possível no dia seguinte. Com tempo de sobra e nada para fazer, os dois começam a compartilhar histórias de suas vidas e emoções escondidas.

A história é feita de personagens que, por absurdo que soe, passam ao largo da atenção — e mesmo do interesse — das gerações que as sucedem, por uma pletora de tristes razões. O brasileiro Fernando Coimbra situa no Oriente Médio sua argúcia em capturar um lado horrendo do ser humano e “Castelo de Areia” entra para o rol daqueles filmes de guerra que desdenham da emoção óbvia do argumento central e esmeram-se por propor abordagens mais subjetivas da guerra e seus desditosos partícipes.

As discussões políticas separaram famílias, têm provocado tumultos por todo Brasil e pararam nos telejornais com notícias trágicas de mortes por disputas de opiniões. Infelizmente esta não é uma realidade apenas nacional. A polarização nesse campo sempre existiu, mas nos últimos anos, com o alcance das fake news e dos virais na internet, as proporções saíram do controle. Nos Estados Unidos, a briga entre suas duas direitas, uma mais moderada e outra mais extremista, também tem gerado uma guerrilha ideológica. Pensando nisso, foi lançado em 2020 o filme “A Caçada”, uma produção cinematográfica que satiriza essa disputa de ideias.

As personagens de “7 Mulheres e um Mistério” são, no fundo, prisioneiras — de si mesmas, umas das outras, da vida que não têm — e travam uma guerra silenciosa, tácita — contra a vida que têm e de que não se julgam merecedoras, contra suas rivais tão íntimas, contra o que se tornaram. Imprimindo seu estilo a “8 Mulheres” (2002), o thriller cômico de François Ozon baseado na peça de mesmo nome de Robert Thomas (1927-1989), levada aos palcos parisienses em 1958, Alessandro Genovesi dá novo fôlego a um gênero rico de possibilidades.

Só se pode entender “Controle Absoluto”, de D.J. Caruso, à luz das grandes narrativas distópicas que foram deixando claras a força e a relevância das ideias que defendiam ao longo do século 20, inspiração cada vez mais óbvia para produções que também ousam emular essa urgência de se tratar de assuntos que passam desapercebidos diante de gente demasiado ocupada com suas miudezas.