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Silencioso, brutal e inesquecível: o faroeste que passou despercebido, mas supera até os clássicos — hoje na Netflix Divulgação / Koch Media

Silencioso, brutal e inesquecível: o faroeste que passou despercebido, mas supera até os clássicos — hoje na Netflix

“Retorno da Lenda” desarma expectativas ao transformar um faroeste silencioso em um campo de tensões morais profundas e revelações tardias. Tim Blake Nelson dá vida a um homem que carrega nas feições gastas e nos gestos contidos o peso de um passado irredimível. Em uma terra sem lei, onde a violência é moeda corrente e a identidade se esconde atrás do silêncio, ele revela que o verdadeiro duelo é entre o que fomos e o que fingimos ser.

Se você adora bancar detetive, filme vai te colocar dentro de um mistério de Agatha Christie, na Netflix Divulgação / Lionsgate

Se você adora bancar detetive, filme vai te colocar dentro de um mistério de Agatha Christie, na Netflix

Nem toda reunião é feita para matar a saudade. Algumas servem apenas para confirmar o que o tempo já havia sugerido: certos vínculos não resistem à memória. “Reencontro da Turma”, dirigido por Chris Nelson, parte dessa tensão entre nostalgia e desconforto para estruturar um suspense de comédia que simula uma investigação, mas cujo verdadeiro enigma pulsa nas rachaduras emocionais entre os personagens. O assassinato que impulsiona a narrativa é apenas o gatilho; o que realmente importa é o que cada personagem esconde quando acredita que ninguém está olhando.

Pegue o seu calmante, terror na Netflix vai despertar todas as suas paranoias e neuroses Divulgação / Point Productions

Pegue o seu calmante, terror na Netflix vai despertar todas as suas paranoias e neuroses

Não há gritos no corredor. Nenhuma criatura rasteja sob a cama. Ainda assim, o medo que “Bebê Ruy”provoca é daqueles que permanecem — não por aquilo que revela, mas pelo que sussurra entre os silêncios de uma mulher em colapso. A protagonista, Jo, influenciadora digital recém-parida, vê o nascimento do filho coincidir com o desmoronamento da própria sanidade. A narrativa, ao invés de buscar explicações, opta por esgarçar os limites entre o cotidiano e o delírio, expondo como a rotina aparentemente banal da maternidade pode se transfigurar em um labirinto mental, onde o choro do bebê não é um som, mas uma sentença.

Mate a saudade de Paul Walker com thriller de ação que vai hipnotizar seus olhos, na Netflix Suzanne Tenner / Screen Gems

Mate a saudade de Paul Walker com thriller de ação que vai hipnotizar seus olhos, na Netflix

Há filmes que não buscam ser lembrados, mas apenas vistos. “Ladrões”, lançado em 2010 sob direção incerta de John Luessenhop, não aspira ao panteão dos inesquecíveis. Ainda assim, sobrevive na memória de parte do público por um motivo simples: não impõe exigência alguma além de estar ali. Ele se ancora nessa permissividade, nesse pacto silencioso entre espectador e tela que diz — sem prometer nada — que às vezes basta a ilusão de um golpe em andamento, tiros coreografados e rostos familiares para justificar uma hora e meia de desligamento.

Se existe um romance obrigatório na história do cinema, é a obra-prima de Sofia Coppola — e ela acaba de chegar ao Prime Video Yoshio Sato / Focus Features

Se existe um romance obrigatório na história do cinema, é a obra-prima de Sofia Coppola — e ela acaba de chegar ao Prime Video

A genialidade do filme reside em como ele trata a intimidade: como um reconhecimento. Charlotte e Bob não vivem uma paixão convencional; o que os une é a possibilidade de se enxergarem um no outro, de serem vistos com uma clareza que o mundo ao redor lhes nega. Essa conexão, delicada e tênue, é mais poderosa do que o amor romântico. É como se, por um instante, a tradução entre dois seres finalmente acontecesse — e isso bastasse.