Crônicas

Procura-se felicidade perdida. Recompensa-se bem a quem encontrá-la

Procura-se felicidade perdida. Recompensa-se bem a quem encontrá-la

O meu dia pela cidade já começa meio perdido. Zoeira, fumaça, barulho de motor, desempregados jogando baralho, as pessoas se odiando, tudo assim, numa péssima vibração. A cidade parece a desgraceira de sempre. Estranhos ao volante amaldiçoam-se como se já fossem da família. “Esse foi Deus que me deu”, diz o adesivo colado no para-brisas de um carro que avança o sinal vermelho. Nada posso naquele que me enfraquece. Há tíbias fraturadas no asfalto.

A dor e a delícia de ser mulher

A dor e a delícia de ser mulher

Ser mulher é ouvir com abraço, sorrir com olhos, chorar com espírito e sonhar com ação. É franzir o cenho pra enxergar o que o outro tem de melhor, e a ele estender a mão (ainda que nem sempre a mereça). É ser inacreditavelmente leve, mas carregar um piano de culpa nas costas, movendo montanhas para tornar mais fácil o fardo do irmão.

A vida de cão do meu gato

A vida de cão do meu gato

Otto Lara Resende tem uma crônica de 1992 chamada “Zano”. É sobre um gato que fugiu de sua casa. Reli-a recentemente numa coletânea e resolvi contar a minha história sobre felinos. Muitos autores interessam-se por esses animais gloriosos e misteriosos. Só que eu, é curioso, até então só havia escrito sobre cães e peixes beta. De fato, felídeo, em casa, só houve um.