Crônicas

Secreções, excreções e desatinos de um herói sem nenhum caráter

Secreções, excreções e desatinos de um herói sem nenhum caráter

Era agosto, mês de cachorro doido. A estrangeira Lucia McCartney lia Poemas Escolhidos, de Ferreira Gullar. Era uma mulher apaixonada pela literatura. Formava uma amálgama perfeita com os seus livros. Sentia-se mais feliz na varanda, lendo histórias curtas, histórias de amor, contos de terror e de morte, do que na cozinha, esquentando o ventre no fogão e esfriando-o no tanque.

Um mundo triste como sempre, só que mais simples

Um mundo triste como sempre, só que mais simples

Os joelhos ralados eram curados com um tipo de Mertiolate que arde até hoje. Piolhos eram implacavelmente exterminados, à moda antiga, um a um, à unha e vinagre. Disseminava-se um alerta geral contra tarados e ciganos que roubavam crianças. Ninguém morava em prédios. Brincava-se na rua, na chuva e nunca se teve notícia de alguém que morresse de tosse ou de raio. Toda casa tinha um pomar. Todo pomar tinha crianças.

Os fascistas morrem pela boca

Os fascistas morrem pela boca

Nunca as causas ideológicas foram tão mal interpretadas e mal defendidas quanto nas redes sociais da internet. Deselegância. Agressividade. Impaciência. Falta de empatia. Propagação de notícias falsas. Pode ser que coisas assim expliquem, em certo grau, os meus ímpetos desgraçados, antissociais, de preferir o isolamento, de evitar agrupamentos de pessoas, em especial, aquelas que desenvolveram talento para serem desagradáveis.

WhatsApp clonado

WhatsApp clonado

Nunca achei que teria meu WhatsApp clonado. Eu, no auge da minha arrogância e prepotência (friso: prepotência, e não “potência”) — mestre em Computação, pós-doutor pela Universidade de Harvard, escritor e professor de Inteligência Artificial, e outros blá blá blás — achei que passaria ileso por mais um golpe.