Crônicas

A vida como ela era — ou por que, em meio à pandemia, prefiro um Nélson desgastado a uma Pollyanna reciclada

A vida como ela era — ou por que, em meio à pandemia, prefiro um Nélson desgastado a uma Pollyanna reciclada

A vida — e o mundo onde ela ocorre — é isso: um jogo de busca pela perfeição em que, sempre que se aproxima do obstáculo, ele é removido para (muito) longe. Ninguém vai sair mais pacifista ou filantropo dessa história — depois do surto de 1918 a humanidade saiu tão boa que, na década de 1930, vimos o holodomor e o início do holocausto.

O livro que salvou minha vida

O livro que salvou minha vida

Ao voltar os olhos ao passado, vejo que, apesar de ter nascido num ambiente ágrafo e de pais analfabetos, desde muito cedo algum texto escrito, ou salvou minha vida, ou me deu esperança e entusiasmo, permitindo-me vislumbrar algum caminho. Vislumbrar caminhos, não de encruzilhada, mas de escuridão, pela falta de opções.

A cidade não está vazia, existe, sim, amor em São Paulo

A cidade não está vazia, existe, sim, amor em São Paulo

Somos feitos de antagonismo. Somos uma parte que cede, outra que resiste, uma parte egocêntrica, outra solidária. Uma que esnoba as diferenças sociais, outra que se compadece das injustiças. Somos feitos de um material antagônico que diz e se contradiz. Somos tecidos por forças conflitantes, mas que impulsionam a vida porque fazem movimento.

A personalidade das palavras

A personalidade das palavras

Palavras têm personalidade, são voluntariosas, não se engane. Emprestam-nos seus corpos, mas os tomam quando querem. É preciso respeitá-las, e amá-las, e conhecê-las. São donzelas e senhoras que nos concedem danças honrosas e melífluas, mas, se irritadas, nos ferem o âmago com retumbantes faniquitos.