Crônicas

Eu não quero ser sedado

Eu não quero ser sedado

Quem. Nunca. Quem nunca. Quem nunca se sentiu perdido, acuado. Cem dúvidas, ainda não me encontrei. Por tudo que li. Por tudo que vi. Por tudo que vivi e que não vivi. Onde residirá o mais lamurioso melodrama: no jovem que pensa não ter um futuro ou no velho que pensa não ter um passado.

Siga o líder, desde que ele não seja um imbecil

Siga o líder, desde que ele não seja um imbecil

Eu sigo com os deslumbrados. Que permitem que a pecha de lunáticos lhes suba à cabeça. Que se encantam com borboletas, pássaros e outras minúcias da natureza que passam despercebidas aos olhos da geração high tech e dos homens extremamente ocupados. Que colocam flores nos cabelos e se julgam especiais integrantes da nobre realeza. Que não possuem um carro. Que não aplicam na bolsa. Que não perdem milhões. Que são felizes com quase nada. Que nadam de braçadas em abraços de contentamento.

Ode às humildes paroxítonas

Ode às humildes paroxítonas

Paroxítonas são a grande parte das palavras da Língua, força poderosa que define quase tudo o que dizemos e escrevemos. Imenso conjunto, mas pouco unido, plebe rude e talentosa que volta e meia abre mão de seus direitos em prol de oxítonas blasés (essa inodora classe do meio) e áticas proparoxítonas (essas políticas idílicas no Congresso do nosso léxico).

Paulo Gustavo: quando a morte contraria a ordem natural das coisas

Paulo Gustavo: quando a morte contraria a ordem natural das coisas

Ironicamente, a finitude, única certeza que carregamos, é também a causadora dos nossos maiores espantos. Morrer não nos parece razoável, ainda que cláusula pétrea das leis de Deus. Ver morrer quem trilhava menos da metade da história que merecia escrever é desconcertante. A redenção, talvez, esteja nos enredos que a vida, ora implacável, ora generosa, permitiu que fossem traçados. A eternidade, desafio inatingível para a ciência e a medicina, é exclusividade da arte.