Crônicas

Uma temível frente fria avança por dentro da gente

Uma temível frente fria avança por dentro da gente

Cada qual exercita o humanismo da forma que consegue. Creio que esse desfazimento interior tenha uma justificativa plausível. Assim como as palavras ríspidas ditas sem cuidado e os afagos negligenciados sem escrúpulos com o futuro. Assim como a noite de ontem, a manhã de hoje e o porvir que ninguém garante se realmente virá. Ninguém sabe de mim, do outro ou de si mesmo. Todos se acham, mas, na prática, ninguém anda se encontrando. Parei de sentir e isso é tudo. Nada que seja da sua conta, por suposto.

Autorretrato de aniversário (ou uma selfie indelicada)

Autorretrato de aniversário (ou uma selfie indelicada)

Como falar de si contornando o narcisismo? Em primeiro lugar: bem melhor falar dos outros. E como diria o Ariano Suassuna: de preferência pelas costas, por uma questão de educação, para não melindrar o fulano. Mas veja que começo a desviar do tema e falo dos outros. Falar de si não é fácil porque implica olhar para dentro. Sondar o seu íntimo. Desnudar-se. Expor-se. Revelar-se.

O dinheiro ou a vida

O dinheiro ou a vida

A viagem havia sido paga com muita antecedência. Quando entrasse no avião, tudo já estaria devidamente quitado ao feitio dos guias de finanças pessoais: passagens, estadias, passeios e refeições. Ela, sua parceira no gosto por planejar e economizar, ganhara dele a viagem, o hotel e todas as despesas pagas. Finalmente conheceriam a Chapada Diamantina e, para maior deleite, sem nenhuma dívida a lhes perturbar enquanto estivessem caminhando pelas trilhas, subindo e descendo montanhas. Só esforço físico, nenhum sofrimento financeiro que lhes tirasse o sono. O encanto da viagem estava em muito caminhar e depois repousar o corpo como recompensa.

O mundo é um hospício

O mundo é um hospício

Atribui-se esta frase a Albert Einstein. Para não cometer mais uma gafe, perguntei a Dona Fiinha, pesquisei na internet, mas, não encontrei nenhuma fonte segura que atestasse a sua veracidade. Portanto, pelo menos por hora, até que alguém me desminta e me envergonhe, será uma frase atribuída a ninguém. Coisas de domínio público. Feito o medo da morte.