Crônicas

Solte suas cobras e lagartos

Solte suas cobras e lagartos

O tema desta crônica, avisamos desde já, se imiscuirá mata adentro nas florestas do nosso imaginário.  Trata-se de expedição singular que acompanhará o traçado das próximas linhas, munida apenas de facões, lanternas e espírito bandeirante. Clamamos então pelos selvagens que em nós habitam cobertos apenas pela pureza de seu primitivo instinto. O território é livre.

A fantástica entrevista com o papa

A fantástica entrevista com o papa

O combinado com os assessores papais era que o papai aqui falaria com o pontífice após a santa missa em Aparecida do Norte. Então, catei o meu saco de pipocas tamanho dois reais (portas de igrejas que não possuam pipoqueiros, cachorros decadentes, ou pombos defecando, simplesmente não merecem a menor consideração deste energúmeno que vos fala, ou melhor, vos escreve) e arrumei um cantinho no enorme templo, embaixo de uma santa cuja vela de sete dias fumegava e, de tempos em tempos, gotejava cera quente sobre a minha careca, especialmente quando os meus pensamentos se desprendiam da cerimônia rumo às “pernas de louça da moça que passa e eu não posso pegar”.

O Brasil é de cima a baixo um enorme canteiro de gambiarras, guaribas e puxadinhos

O Brasil é de cima a baixo um enorme canteiro de gambiarras, guaribas e puxadinhos

É comum em nosso País construir-se uma casa sem planta, sem projeto, sem alvará, sem o recolhimento dos encargos sociais e, por fim, sem as devidas averbações cartorárias. Quando vai vendê-la, principalmente se há financiamento habitacional na transação, é quando o proprietário “descobre” que, para realizar a venda será preciso providenciar uma série de documentos. Aí começa um procedimento tortuoso e intempestivo, pois se tratam de documentos que, em tese, deveriam preceder o início da obra.

Tristeza é vírus. Tome uma vacina

Tristeza é vírus. Tome uma vacina

Piolho pega, bocejo pega, conjuntivite idem e euforia às vezes nos  contagia (sobretudo durante o carnaval). A tristeza também não foge à regra. Ela manda seu recado, em sussurros, dirigido aos desatentos indivíduos deste século. Mas pega mal ficar triste. “Maior caô”, “pagação de mico” entoa a galera lá do alto da exuberância dos seus vinte e poucos anos. Ficar xoxo, amuado, macambúzio, lamuriento não combina com a alegria prozac, nem com a metáfora da cocaína atitudinal, refletida nos tempos modernos.