Crônicas
Três vezes Woody
Nos últimos dias fui perseguido por fantasmas dos filmes de Woody por três vezes. Na primeira delas, eu praticava meu atual esporte predileto — criticar a imprensa — num restaurante em Brasília. Éramos dois médicos e uma psicóloga “contra” um jornalista, professor da PUC Campinas. O placar estava folgado a nosso favor, quando ele, acuado, sacou da cartola, Marshall MacLuhan. Na hora me lembrei da maravilhosa cena do excepcional Annie Hall, em que um cidadão emite suas opiniões sobre Fellini em voz alta na fila do cinema. Alvy Singer (Woody) se irrita e reclama, daí o sujeito saca Marshall MacLuhan.
Chaïm Soutine, o judeu amargurado
A fofoca é tão gostosa quanto o espirro
Vai dizer que não. Fofoca é mania de gente miúda, comezinha, medíocre. Cabeças vazias de pensamentos e ideias. Comportamentos lobotomizados. Fala automática, robotizada. Olhar fosco de tamanha ausência de vida e assuntos. Quer mais definições? A fofoca tem olhos compridos, dentes nos olhos, ainda por cima. Olhares oblíquos e dissimulados. E os sorrisos decorrentes dela? Transversos, tortos, maledicentes. Gotas de azinhavre escorrendo da comissura labial direita. O disse-me-disse deriva da inveja.