Crônicas

Ser a outra não é para qualquer uma

Ser a outra não é para qualquer uma

A outra costuma andar deslizando. Coleante e tortuosa como uma cobra. E chega com um breve silvo, se insinuando à meia luz na vida de um homem qualquer. Muitas vezes se veste de vermelho. Embora tenha veias hirtas, corre nelas um sangue quase espumoso, de um vermelho sacrílego, que trafega nos interstícios desse corpo. Ela até nos faz recordar daquele ditado sobre a inveja. Um prato que se come frio e que está sempre ali disposto à serventia.

As 50 melhores frases do Twitter em 2013

As 50 melhores frases do Twitter em 2013

Entre os meses de janeiro e setembro, pedimos a colaboradores, leitores e seguidores que enviassem as melhores frases publicadas no Twitter no ano 2013. Das centenas de frases recebidas, separamos 50 — Tecnologia, esporte, política, economia, comportamento e, sobretudo, humor — que sintetizaram, em 140 caracteres, o sétimo ano do Twitter. Discutível como qualquer lista de melhores, esta também não pretende ser abrangente e reflete apenas a opinião dos participantes da enquete.

Faça a revolução lá fora. Mas só depois de mudar as coisas aí dentro

Faça a revolução lá fora. Mas só depois de mudar as coisas aí dentro

Amanhã você vai sair — ou voltar — às ruas e fazer a revolução. Sem medo, sem máscara, vai dizer “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” a todos os conhecidos e desconhecidos que passarem por você. No elevador, no estacionamento, no ônibus, na fila da padaria. E se ninguém responder, não importa. Você vai manifestar um sorriso largo como uma avenida e seguir em frente. Porque é para frente que se anda.

Uma voz dentro da cabeça repetia: bate!  Então eu bati.

Uma voz dentro da cabeça repetia: bate! Então eu bati.

Que polícia, que nada. Por mim, deixava esses caras se pegarem até um moer o outro na porrada. E mais: se eu fosse autoridade, se eu fosse político, mandava montar um ringue ao lado do estádio, tipo uma daquelas jaulas do Mad Max (você já assistiu ao filme ‘Mad Max’ né, chapa?), jogava os brigões lá dentro e deixava o pau torar. Só valeria parar de bater quando um deixasse o outro desfalecido no chão, se não morto, ao menos desacordado. Chamar o SAMU? Não. Puro desperdício de dinheiro público com gente que não presta, que não vale o que o deputado enterra.

Breve diário do desencanto 3

Breve diário do desencanto 3

Adoramos suspirar — quando vivemos em uma cidade grande, enorme, gigantesca, abissal — e falar sobre a impessoalidade de viver em um lugar assim, da solidão dos centros urbanos, de como somos anônimos e blá blá blá, mas não é verdade. A verdade é que mesmo os lugares mais assustadores e cinzentos são feitos de pessoas. Tem sempre gente ali. Boa e ruim. Engraçada, sacal, babaca. Pessoas com coisas para ensinar e mostrar e dizer, ainda que não com palavras. E antes que isto descambe para autoajuda de quinta categoria, permita que eu me adiante e conte que, apesar de morar em São Paulo, não vivo, mesmo, em São Paulo. Vivo em um bairro.