Crônicas

Os números governam o mundo

Os números governam o mundo

O mês de agosto do ano que vem terá características prodigiosas: dele constarão cinco sextas-feiras, cinco sábados e cinco domingos. Segundo os versados em calendários, essa conjunção de fatores ocorre somente a cada 823 anos. Portanto, nós que estamos passando pela aventura de viver nos tempos de hoje, jamais teremos a oportunidade de presenciar esse fenômeno outra vez.

Canto de gratidão àquele que parte e de boas-vindas àquela que chega

Ele, o velho pássaro negro que passara a vida preso na gaiola apertada de uma varanda ridícula olhando a vida lá fora, do alto de sua casa minúscula, suspensa e entupida de papéis e sombras, roupas e móveis, sonhos e esperanças, achados e perdidos. Ele agora está livre de olhar o mundo de dentro das suas grades. Livre para estar com aqueles que caminham lá embaixo. Livre para esperar a menina de Aquário que vive em outra terra. Ele agora está livre. Fly, blackbird. Fly.

“Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão”

“Educação para a vida deveria incluir aulas de solidão”

Quem nunca sentiu em plena luz do dia o mundo cinzento e circunspecto à sua volta, levante a mão. As palavras saindo da boca sem ordem e sem juízo. O discurso atrapalhado, estendendo os braços por detrás de sentenças inteiras sobrepostas umas sobre as demais. Brincadeira ainda verde de cabra-cega, esgueirando os restos de infância através de um corpo decididamente maduro. Quem nunca ansiou compor de quietude seus gestos e de apaziguamento sua mente? Confesse enquanto há tempo.

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser

Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser

Ignorância, brutalidade ou primitivismo é o que não faltam mesmo nas mais abastadas famílias, rodeadas de caviar e etiquetas. Todo mundo, não dá para negar, carrega pedras na alma. Raiva e lodo por detrás de sorrisos quase imaculados. Cegueiras de todo o tipo, que nos impedem de enxergar a fertilidade e o despertar delicado de certas relações ou de belos e abençoados momentos da natureza. Os olhares licorosos perdidos no pôr do sol, um modo especial de acariciar seu bichinho de estimação.

Eu vou criar polêmicas porque hoje é sábado

Eu vou criar polêmicas porque hoje é sábado

Se chover, eu vou tomar um banho, porque hoje é sábado. Todos os dias, antes de sair e surtar, eu leio um poema do Vinícius. Poeta, meu poeta camarada, por que o ontem, o hoje e o amanhã não podem ser vividos como se sábado fossem? É apenas segunda-feira, e o mau humor é sorvido com torradas no desjejum silente, mesmo assim, eu já vejo nuvens em forma de bundas. Por que será que hoje tá com cara de sábado, querida?