Crônicas

Estupros coletivos, pesadelos particulares

Estupros coletivos, pesadelos particulares

Eu sei que acabamos de adentrar o ano de 2014, e ainda há milhares de pessoas arrotando cidras cereser e gozando merecidas férias, e muitos ainda se ocupam em anotar numa embalagem de padaria as metas para o ano que se inicia. Não quero atrapalhar a digestão, muito menos, as férias de ninguém com as minhas reflexões acerca das reincidentes atrocidades humanas. Mas acontece que a ruindade do homem não respeita os pipocos do champanhe. Na engenharia da maldade, não existe o botão de “Pause”.

Carta de Ano Novo para um filho que aprendeu a ler

Carta de Ano Novo para um filho que aprendeu a ler

Um dia, no futuro, quando ler estas bobagens você vai saber que, lá atrás, este seu quase velho pai já o amava de toda a vida e passava mais tempo pensando em você do que ele mesmo imaginava. Entre todos os seus afazeres de criança, adolescente ou quase adulto, talvez você pare um segundo e pense “é, acho que o velho gostava mesmo de mim”. E vai me ligar do seu iPhone 21, com comando de pensamento, me convidando para assistir ao seu lado a um velho e riscado blu-ray do Homem de Ferro.

Dicas inacreditáveis para se fracassar em 2014

Dicas inacreditáveis para se fracassar em 2014

Indesejável leitor, se você se dispôs a ler este texto: meleca! Você deve ser um curioso terminal, um fracassado contumaz ou uma criatura que se dependura num cabide de empregos governamentais para servir café frio aos colegas, assediar as gostosas companheiras de ócio no palácio ou prestigiar os eventos festivos do seu partido. A ordem dos detratores não altera o salvo conduto.

Canção das coisas que dormem lá fora e acordam aqui dentro

Canção das coisas que dormem lá fora e acordam aqui dentro

Tem um galo cantando lá longe. Ele canta baixinho, tranquilo, seu canto de quem agradece a Deus pelo céu azul imenso de nuvens brancas varridas que vem aí, sob o sol alaranjado da alegria, esquentando o vento que varre das casas as angústias de ontem, que seca as roupas e renova a vida. Tem um galo cantando. Ele canta lindo, profundo, comovido, para a mulher que em algum lugar dança sozinha de olhos fechados, pés descalços, mãos abertas e coração transbordando música e lembranças.

Se falta luz ao fim do túnel, acenda uma lanterna

Se falta luz ao fim do túnel, acenda uma lanterna

Atravessar túneis longos e escuros, reais ou imaginários, acreditando haver luz ao término do percurso é no mínimo algo ingênuo. A não ser quando se trata de vencer enormes desafios íntimos. Pois a morte, em aparente desgoverno, dissimulada como o véu preto e soturno que a recobre, pode cruzar conosco. Assim é preciso estar atento e forte. Não acreditar em milagres a torto e a direito já é um passo e tanto. Porque muitas vezes eles precisam das nossas mãos do nosso cérebro e do nosso coração para se manifestarem.