Crônicas

Vem, vamos voar daqui. Lá do alto dá pra ver como somos pequenos

Vem, vamos voar daqui. Lá do alto dá pra ver como somos pequenos

Ah… pessoa amiga, essa vida tem de tudo. Tem risos e choros, brigas e tréguas, achados e perdidos, secos e molhados. Tem quem ganha e tem quem perde, quem encontra e desencontra. Tem tanto medo provocando nossas coragens! Tanta dúvida, tanto “só Deus sabe”, tanto Amém para pouca reza. E entre tudo isso estamos nós, caminhando nossos altos e baixos, na vida que tem mesmo de tudo um pouco. Mas é certo que, de quando em vez, esse pouco vira muito ou, no mínimo, mais do que a gente aguenta.

“Onde não puderes amar não te demores”

“Onde não puderes amar não te demores”

Sai, corre logo. Afasta-te das ventanias cruéis que ameaçam revirar-te a vida e os sonhos pelo avesso. Aqueles pedaços de histórias rotas e cerzidas, atiradas no cesto de roupas de sorrir — e que já usaste tantas vezes em festas enxovalhadas. Foge das tempestades. Das estradas sem rumo. Das folhas ressequidas, espalhadas em terrenos áridos e desconexos. Rejeita os lábios que não beijam mais e dos quais escorre apenas amargura, fel e impropérios. Sim. Tranca a porta, os ouvidos, a sensatez e vira as costas sem remorsos para tudo o que te causa mal e tristezas. Teus dias pinta-os com aquarelas leves e doces, mescladas a tons pastel.

Só leia isso se não tiver mais nada pra fazer

Só leia isso se não tiver mais nada pra fazer

Não me queiram mal, não me desentendam, não vão pensar que eu pirei. É que, realmente, hoje estou feliz. E com felicidade se brinca. Sinto-me tão alegre que poderia até lhes escrever um texto fofo e otimista, desses que falam do amor vencendo no final. Afinal, o que seria do mundo se não houvesse o contrapeso de uma rima à altura da dor?

Das nossas escolhas ficam as saudades e o dia seguinte

Das nossas escolhas ficam as saudades e o dia seguinte

Certa vez, uma moça tirou férias de suas dúvidas e atracou seu barco num lugar distante para assistir ao pôr do sol. O astro dourado cada vez mais se recolhia. À moça, restava contemplar a sua despedida. Quase sempre há alguém partindo de nossas vidas. Ou somos nós que estamos deixando algo para trás. Ela via aquele sol, já quase se pondo, como braços que já a aqueceram nos seus dias de inverno. Ou seus próprios olhos que outrora iluminaram outros caminhos. Vê-lo ir embora lhe dava certa nostalgia, mas ela entendia que chegara a sua hora.

Senta aqui. Eu preciso desabafar com você

Senta aqui. Eu preciso desabafar com você

Olha, tá pesado pra mim. Você me desculpa, mas eu preciso falar. Você mudou demais. Mas não é “mudou”, “mudou”, assim, como todo mundo muda. Você mudou para além da conta. Eu sei, as pessoas se modificam mesmo. Mas você caprichou, hein? É claro que eu não estou me referindo ao fato de você estar muito acima do peso. Não! Isso acontece. Tá bom, eu confesso que não gosto nada desse negócio de você cochilar quando a gente vê televisão. É chato, sim. Você dorme, ronca, baba. Mas vá lá. O que eu não suporto mesmo vai muito além de tudo isso.