Crônicas

Se não tomar um tiro pelas costas, a esperança será a última a morrer

Se não tomar um tiro pelas costas, a esperança será a última a morrer

Somos poucos, mas, somos unidos. Rapa de arroz queimado, grudado no fundo da panela de ferro. Carregamos no amargo da língua o sabor ferruginoso da poesia atemporal de um Carlos Drummond de Andrade. Seja como for, a gente só bate em mulher se for com flor. Porque, sem espinho, com carinho, se acaricia em redundância, em metáfora, em fantasia. Só a testosterona constrói. Isso é válido para os homens e para as mulheres.

Na ponte ou na velha pinguela?

Na ponte ou na velha pinguela?

Anos atrás, havia uma pinguela muito velha que precisava de reforma. Várias pessoas morriam na travessia, mas o imperador não se importava. Era necessária a interdição, uma questão de vida ou morte, mas o tenente (prefeito nomeado) também não se importava muito, afinal, a economia não podia parar — dinheiro acima de tudo. Um grupo de ribeirinhos pediu a construção de uma ponte de madeira e, como o imperador não tomou a iniciativa e, ainda, foi contra a construção, os próprios ribeirinhos cotizaram os custos e fizeram a ponte. A ponte de madeira foi inaugurada com fogos e festa, mas o imperador e parte do povo a criticou.

Chupa que a vida é doce

Chupa que a vida é doce

m casal de vira-latas caramelos enxerta na esquina. Crianças atiram pedras. Tem um gari que gira. Tem um gari que agora dança e gira, tendo uma vassoura como parceira guia. Tamanha agitação, a essa hora do dia, só me desconcerta. De certa mesma, somente a constatação de que navego à deriva nas ondas bravias, derivadas de um oceano de desconhecimento.

Posso ser quem eu quiser

Posso ser quem eu quiser

Posso ser quem eu quiser. O John Malkovich. A mulher de peitos caídos que rabisca a lousa. O reacionário de nariz em pé. O filho-da-mãe do papai. O cara que não sabe que nada sabe. O refugiado congolês que cruza o oceano para se encontrar com a morte no Rio. O robô que descobre amor em Marte.