Crônicas

‘Se você engolir tudo que sente, no final você se afoga’

‘Se você engolir tudo que sente, no final você se afoga’

Engole o choro. Engole sapo. Não diga, não quero saber. Cala a boca, cala o peito, cale-se! Mas o corpo fala, e como fala. Fala a ponta dos dedos batendo na mesa, fala o dente acirrado, rangendo estridente. Fala os pés inquietos na cama. Falam os olhos caindo tristonhos. Fala dor de cabeça, dor na alma. Fala gastrite, psoríase, fala ansiedade, fala memória perdida.

Se Deus existisse…

Se Deus existisse…

Há basicamente duas abordagens metodológicas, em posições opostas, acerca da apuração da veracidade dos fatos relativos às coisas divinas: segundo o Minimalismo, o que não tem evidência ou comprovação não pode ser verdadeiro. Já para o Maximalismo, o fato de não haver evidência não é prova de inexistência. Como no trocadilho lapidar de Carl Sagan: “Ausência de evidência não é evidência de ausência”.

A tristeza é uma fome que nos come por dentro

A tristeza é uma fome que nos come por dentro. É a chuva ácida. Um velho ácido inundado de lembranças. A tristeza é uma noite de domingo. É um cavalo sem expectativas a dormitar na sombra. Uma mente brilhante com medo do escuro. A tristeza é uma casa vazia cujas vozes saíram pra comprar cigarros e nunca mais voltaram. É um trator a demolir as memórias de um prédio. Tomar pílulas para aplacar a histeria e o tédio. A tristeza é encontrar uma carta que andava sumida. É o excesso de passado. Passar a noite inteira a perseguir um sonho. A tristeza é cair na real.