Crônicas

Vinil de quê?

Vinil de quê?

Ele se parece com uma loja de CDs, dessas de bairro dos anos 90. Eu sei, vocês devem estar se perguntando “como é possível uma pessoa se parecer com uma loja de CDs?”, e não qualquer loja, é dessas de bairro, com a entrada entre uma lanchonete e uma barbearia, cheias de resquícios do marketing dos anos 1970 e 80. Se reparar bem, logos da Coca-Cola estão por todos os lados.
Pois ele se parece! Apesar de, claramente, ter nascido nos anos 80, sua aparência não me engana. Incontestavelmente, uma loja de CDs dos anos 90.

O jardim das finitudes

O jardim das finitudes

Morres em mim, agora, como outros, também, morreram antes, sem sentido. Deixas apenas essa fragrância inútil de gelo que, daqui a pouco, jaz. Mas, antes, era com rosas que sonhavas. Prefiro aqueles dias. Eu fotografava as flores que encontrava, distante. Para enxergar em suas cores, somente as que, com teus olhos simples, mais combinavam.

Plano B para não falhar na Hora H à procura do Ponto G

Plano B para não falhar na Hora H à procura do Ponto G

Ninguém é obrigado a tolerar os chiliques dos outros. Em termos psiquiátricos, o editor do jornal para o qual eu escrevia os meus panfletos era um completo analfabeto funcional. Insensível como uma urna funerária, ou melhor, insensível como uma urna eletrônica, o sujeito nunca me pareceu uma companhia confiável. Aliás, não entendia patavina sobre o processo criativo dos seus articulistas. Arrematou aquela joça pagando uma mixaria num leilão de massas falidas.

O corpo é uma casa arrombada pelo tempo

O corpo é uma casa arrombada pelo tempo

O corpo é uma casa arrombada pelo tempo. Entra ano, sai ano, o controle esfincteriano vacila, se desajusta. O sangue coalha no seio varicoso de veias que perdem o molejo da elasticidade para adquirir a dureza plástica de um cano ou de um canudo. Mudo, o cérebro pensa que aquilo tudo é um ledo engano, fecha curto, passa pano e requenta a marmita encefálica com papas de neurônios, sob a tempestade de sinapses chocantes dos axônios desencapados.

O escritor perseguido

O escritor perseguido

Semana passada, durante evento literário nos EUA, o escritor Salman Rushdie foi vítima de um atentado. Esfaqueado, hospitalizado.  Ficará com sequelas para o resto da vida? O criminoso, um solitário dos atuais tempos? Ou um agente intencional? Jurado de morte há anos pelo Irã, devido ao seu romance “Os Versos Satânicos”, Salman vive há décadas sob proteção policial.