Crônicas

Insegurança e carência: os ingredientes secretos que estragam a vida de solteiro, a vida de casado e a vida de quem vive

Insegurança e carência: os ingredientes secretos que estragam a vida de solteiro, a vida de casado e a vida de quem vive

Quando penso em insegurança e carência, logo me vêm à mente textos e vídeos de autoajuda com o passo a passo para restaurar a própria estima, valorizar-se mais, superar os medos e esse bocado de coisas impossíveis de se ensinar como se fossem matérias de escola, mas que movimentam bilhões no mercado da exploração psicológica. Quem padece desses achaques se parece mais ou menos com um gato desguarnecido, cujos olhos saltam das órbitas pedindo atenção e temendo qualquer nuvem que não seja cor-de-rosa: presas fáceis das linhas de um mercado maquiavélico.

Mulheres, revejam suas dietas! A vida é muito mais do que ter um corpo perfeito

Mulheres, revejam suas dietas! A vida é muito mais do que ter um corpo perfeito

A obsessão pela magreza acompanhou-me por muito tempo. Parecia que o sucesso, em qualquer esfera da vida — pessoal, familiar ou profissional — sempre esteve relacionado ao meu corpo, ao tamanho da minha bunda e à imagem que eu via no espelho: se não estava magra, ainda não estava tudo perfeito. E, se não estava tudo perfeito, eu me isolava. E sofria. Até que um dia, finalmente, eu acordei desta solidão (escravidão): parei de fazer dietas.

Apologia ao amor em tempos de corações tristes

Apologia ao amor em tempos de corações tristes

Ando cheio de tudo isso, de gente vazia, do trânsito parado, do giro dos motores, da náusea, do calor do momento, da frieza nos olhares, dos milhares de estranhos se estranhando nas entranhas da cidade, dos motoristas gesticulando com histeria, homens e mulheres (que vergonha!) enlouquecendo mutuamente com a falta de espaço, com o excesso de pressa, com um tempo perdido rumo ao trabalho, o qual, claro, não volta nunca mais, senão nas decrépitas recordações da velhice.

Lamento informar que, por motivo de morte em família, não poderei comparecer ao próximo rendez-vous

Lamento informar que, por motivo de morte em família, não poderei comparecer ao próximo rendez-vous

Calor infernal. Cafezinho frio. E o meu coração gelado anotando tudo. Escritores são cruéis pra burro. Quase acertei um antigo desafeto com um murro. Sim, sou um lamentável poço de mágoas. Mulheres sem anáguas, histéricas, posso lhes assegurar, debruçavam-se sobre o caixão, debulhando lágrimas, encharcando o terno do vozinho. Moscas zuniam, riam da gente. Um bobinho de sessenta e tantos anos enchia o saco de todo mundo fazendo comentários sem pé nem cabeça. Ô, raiva. Um pandemônio, enfim.

Se eu pudesse te dar um conselho, eu diria: faça amor sem moderação

Se eu pudesse te dar um conselho, eu diria: faça amor sem moderação

Se eu pudesse te dar um conselho, eu diria: viva mais. Ame mais, perdoe mais, beije mais. Solte as suas gargalhadas, ligue para um amigo, abrace com vontade, segure firme outras mãos, olhe nos olhos. Escute. Cante. Veja além do horizonte. Faça a diferença em outras vidas. Doe comida, brinquedo, abrigo. Doe o seu tempo. Para viver não basta respirar, é preciso fazer com que o mundo a sua volta respire também.