Crônicas

Liberdade é transar quando quer. Maturidade é não transar quando não está a fim

Liberdade é transar quando quer. Maturidade é não transar quando não está a fim

Ser livre é uma forma de autenticidade. É ser você mesmo e não perder o sono por causa disso. É mudar de opinião, de rumo, e voltar atrás quando bem entender. Ou nunca mais regressar. Liberdade é transar quando quer e quando não quer também. Na maturidade, não. Você não transa quando não está a fim. E ponto final. Não existe lugar melhor no mundo que a própria casa, não há cama melhor do que a sua.

Hoje eu acordei e me certifiquei de que a louça estava lavada para poder emitir opinião

Hoje eu acordei e me certifiquei de que a louça estava lavada para poder emitir opinião

Hoje eu acordei e me certifiquei de que a louça estava lavada para poder emitir opinião. Hoje recebi bombom no trabalho, bombom do meu filho, bombom do marido e conselhos para não comer tudo porque preciso me cuidar. Hoje guardei minha liberdade na mochila e desisti de ir sozinha a outro país ou ao quarteirão mais próximo porque não devo perambular por aí sem ter a tiracolo uma figura masculina que avalize meu direito de não ser violentada.

Palavras são navalhas

Palavras são navalhas

Vivemos tempos incríveis, velozes, nos quais muitos se intitulam defensores da ética, baluartes dos bons costumes, apesar da evidente boçalidade neles incutida. A tecnologia da comunicação avança a galope, propiciando que cavalgaduras se vangloriem e saiam por aí escoiceando a esmo, sem mensurar as consequências. Há uma epidemia de néscios grassando na internet. Quando muito, esse tipo de “gente conectada” compartilha piadas grosseiras, orações hipócritas e correntes-do-bem estrambólicas, com as quais, juro, muito me agradaria que eles se enforcassem.

Para se levantar, primeiro é preciso cair

Para se levantar, primeiro é preciso cair

Quando passamos a compreender a própria solidão, paramos de buscar a felicidade plena. Assim, recebemos com alegria o que nos chega: um bilhete inesperado, um beijo roubado ou um sorriso despretensioso. Então, um dia, descompassados e felizes, achamos graça quando dançamos sozinhos no meio da sala. É o prazer de fazer “adormecer o lobo da estepe, tornando-o dócil”.

Sem reciprocidade, todo relacionamento vive à beira de um abismo

O amor, não há dúvida, é um combustível e tanto para a imaginação. Mas sonhar por sonhar é executável sozinho. É possível realizar mil feitos sem que haja alguém ao lado e, feliz, dividir a vitória com ninguém além de si. O problema é que não se pode sonhar pelo outro; não se podem responder cartas que o outro recebeu e sequer abriu; não se podem conjugar plurais por quem só pensa singular. Que me perdoem os jovens Verthers, mas amor platônico é um suplício.