Crônicas

Ser mãe deveria ser escolha, não imposição

Ser mãe deveria ser escolha, não imposição

Não é egoísmo deixar de ter um filho para ter uma vida mais disponível para si mesma; egoísta é a mulher que não deseja ser mãe e mesmo assim engravida, gerando uma vida que não terá toda a atenção e dedicação que merece (ou seja, crianças que acabam sendo criadas por babás e que recebem afeto materno somente nas horas vagas). Ser mãe tem que ser escolha, não imposição.

Nós não amamos ninguém. Amamos a ideia que fazemos de alguém

Nós não amamos ninguém. Amamos a ideia que fazemos de alguém

Muitas vezes não é a igualdade que nos aproxima de alguém, senão algo que o outro tem e que nos falta por dentro. Pode ser a paz, a simplicidade, a fé, a alegria singela desenhada no sorriso. Eu duvido que as pessoas realmente se importem com a cor dos olhos… Bonito mesmo é o jeito que ele olha para ela, feito menino do interior quando vê o Papai Noel pela primeira vez. Ela esquece a pressa da cidade grande e pousa seus olhos nele, como casal de pássaros que assenta no ninho depois de uma longa viagem.

A arte de ser ácido sulfúrico em meio a tantos docinhos

A arte de ser ácido sulfúrico em meio a tantos docinhos

A verdade é que tenho pecado bastante no quesito docinho. Em meio a tanta gente fofa e despida de maus olhados, embebida de energia positiva e corações no lugar dos olhos, por vezes chuto o balde e me embriago mesmo é de ácido sulfúrico. Não é por mal, veja bem, a marca da bebida é vagabunda, qualquer coisa de segunda linha. Não chacoteio problemas existenciais nem nada de grande monta. As significativas manifestações da psique me fogem do parco alcance.

Tanto faz

Tanto faz

Quase na entrada da estação do metrô ouço a voz rouca e empostada que desafia a mesmice do início da noite: “A tristeza é a morte do assalto celestial”. No vão central da praça o dono da voz, um mendigo de meia-idade, age como se fosse um imperador romano que enlouqueceu no último ato. Dramático, o soberano dá passos lentos, faz paradas repentinas e, sem ninguém esperar, estufa o peito, ergue o queixo e repete, imponente: “É a morte do assalto celestial!”