Crônicas

Paul McCartney está velho

Paul McCartney está velho

São Paulo, 15 de outubro de 2017. Não se amofine. Você mordeu a isca. Eu também adoro Paul McCartney. Aliás, isso aqui é uma declaração de amor, pode crer. Não sei como a coisa funciona noutros países, noutras culturas, afinal de contas, li pouco, viajei pouquíssimo, não conheço o Tibete, não sou tão esperto quanto você imagina que eu seja. Às vezes, dá uma vontade danada de me mandar daqui. Daí eu me lembro dos meus antepassados que já morreram e o ímpeto passa rapidinho.

Pelo amor de Deus, a vida é mais do que ser magro e lindo!

Pelo amor de Deus, a vida é mais do que ser magro e lindo!

Uma das coisas que nos distinguem dos animais é a capacidade de intervir de maneira consciente no mundo e em nossa própria vida. A isso se dá o nome de “práxis”, ou seja, a consciência das razões pelas quais se faz ou se deixa de fazer algo. Por tal motivo, é coerente dizer que o ser humano é dotado de “propósito”, vocábulo que, do latim, quer dizer “aquilo que é colocado adiante”, ou seja, as razões que nos motivam.

Quando a violência é um ato de loucura, só nos resta sentar e chorar

Quando a violência é um ato de loucura, só nos resta sentar e chorar

Sonhei que um jardim ardia em chamas. Havia naquele escopo onírico, o qual se revelara, na verdade, um tenebroso pesadelo, um homem aturdido de meia-idade, cuja mente apodrecera, gangrenara com o vigor das horas, sufocado pelo emaranhado das heras, um verdadeiro poço de ira que regava, combalido pela anorexia de afeição, um canteiro novinho-em-flores com gasolina de alta octanagem.

Vou ficar pelado em praça pública e me tornar um dos maiores  fenômenos literários de todos os tempos da última semana

Vou ficar pelado em praça pública e me tornar um dos maiores fenômenos literários de todos os tempos da última semana

Precisarei desovar a minha produção literária, antes que os gatos a enterrem. Causarei, pelado, a despeito do uivante conservadorismo da direita raivosa e da praga de mosquitos da dengue que infesta a metrópole, uma bela, criativa, calorenta e, assim espero, exitosa tarde de autógrafos. Levem dinheiro. Não vendo fiado. Não aceito cartões de crédito. Acreditem, tudo é o que parece ser. Não faço escambo, muito menos, troca-troca.

Tenho saudade da época em que devolver o troco errado era normal

Tenho saudade da época em que devolver o troco errado era normal

Certa vez, li uma citação do filósofo e escritor Mario Sergio Cortella que diz: “Falar sobre ética não é falar sobre alguém. É falar sobre nós”. Por isso, é preciso prestar mais atenção aos exemplos que estamos passando aos nossos filhos, amigos e até desconhecidos. Caso contrário, nos perderemos na sensação de que a falta de ética é normal.