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Aprendendo a matar passarinho

Aprendendo a matar passarinho

Morava numa rua de terra. Chutava bola descalço em futebóis da vida. Ninguém ganhava. Ninguém perdia. Vivia-se. Sem glórias, mas, vivia-se. Arruinava a cabeça dos dedos. Mamãe se arrepiava com o vidro de mertiolate nas mãos. Perdia as unhas nas pisaduras dos mais meninos velhos. Mamãe ralhava. Fundia a pele com a poeira que se tornava uma parte fundamental do meu corpo. Chorava lama. Suava barro.

Dicionário cínico de cineastas, atrizes e atores

Dicionário cínico de cineastas, atrizes e atores

Depois do sucesso do “Dicionário Cínico das Palavras da Moda”, que virou livro, a Revista Bula segue em seu projeto de dominação mundial e reformatação do imaginário cultural do Ocidente com esse filho bastardo: o “Dicionário Cínico de cineastas, atrizes e atores”. O objetivo é estabelecer definições definitivas e sem censura sobre os mais importantes, e outros nem tanto, artistas do audiovisual de hoje, de ontem e alguns de amanhã.

É a Ales, de Jon Fosse

É a Ales, de Jon Fosse

Li “É a Ales”, de Jon Fosse, e fiquei desconfiado. Em tempo, explicarei. Se o livro não carregasse timbrado o logo de ganhador do Prêmio no Nobel, por causa de seu título cacofônico talvez ficaria encalhado nas prateleiras das livrarias. Para além desse detalhe, o livro é peculiar, não exatamente num bom sentido. Fosse empenha-se, claramente, em desenvolver uma estilística única, diferenciada. Em grande parte do livro, a história efetivamente não acontece. Os eventos são arrastados, fazem pouco sentido, estão imersos numa neblina fria e na descrição vertiginosa do autor. Talvez seja culpa do clima norueguês.

Cinema e música: Pink Floyd — The Wall, de Alan Parker Divulgação / Metro-Goldwyn-Mayer

Cinema e música: Pink Floyd — The Wall, de Alan Parker

Em 1979, o grupo de rock britânico Pink Floyd lançou um dos mais ambiciosos projetos de sua carreira: o álbum duplo conceitual “The Wall”. Quase uma ópera rock, conta a história do roqueiro fictício Pink. Totalmente pensado pelo baixista e letrista Roger Waters, o álbum é um dos mais conhecidos da banda e rendeu o estrondoso sucesso “Another Brick in the Wall — Part II”, que tocou até em comercial televisivo de xampu.

Ratos de livraria

Ratos de livraria

Costuma-se chamar as pessoas que adoram entrar numa livraria de ratos de livraria. Eu mesmo posso ser considerado um típico rato de livraria, já que não posso ver uma loja que venda livros, novos ou usados, que entro para dar uma olhada e vou ficando por lá enquanto posso. Apesar de me encaixar perfeitamente nessa definição, não gosto dela. Afinal, os ratos que frequentam livrarias não estão ali para comprar ou ler, eles estão ali para roer os livros.