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Noites Brancas: Dostoiévski entre o devaneio romântico e a vertigem existencial

Noites Brancas: Dostoiévski entre o devaneio romântico e a vertigem existencial

Um jovem sonhador, enclausurado entre ruas desertas e fantasias desmedidas, tropeça no acaso de um encontro que parece prometer sentido à sua existência suspensa. O que começa como uma noite luminosa logo revela as sombras de um desejo que não se sustenta fora da imaginação. Entre o delírio amoroso e a recusa do real, emerge um retrato pungente da solidão moderna. Há ternura, mas também desamparo; há beleza, mas ela se dissolve no ar da manhã. Nesse breve intervalo entre sonho e frustração, delineia-se o esboço de uma nova sensibilidade — nem mais romântica, ainda não totalmente existencial.

O tempo que resta para ser esquecido

O tempo que resta para ser esquecido

Um dia, dominado pela pilha de nervos provocada pela Doença de Chagas, o meu velho correu até a sede da fazenda, catou o 38 e disparou um pipoco certeiro na fronte do boi tinhoso que estava apartado das demais reses. Ninguém entendeu nada. Foi uma cena bestial que redundou num baita prejuízo financeiro e emocional. A gente tinha assistido à execução sumária, mal calculada, do único reprodutor do rebanho. Como dívida impagável, o meu velho ficou com aquele ato de bruteza arquivado na gaveta da memória.

Os caras que sabem tudo

Os caras que sabem tudo

Vivemos na era das certezas instantâneas, onde todo mundo parece ter uma opinião formada sobre tudo — e faz questão de anunciá-la. As redes sociais viraram uma espécie de palanque permanente, onde quem grita mais alto ganha mais atenção. Nesse mar de convicções prontas, fico cada vez mais fascinado pelos que sabem tudo, o tempo todo. Muitos se apresentam como especialistas de ocasião, distribuindo verdades absolutas a cada novo assunto. No fundo, talvez estejam apenas vendendo certezas embaladas para consumo rápido.

O mal-entendido do Brasil, segundo o teatro da Companhia do Latão Divulgação / João Maria

O mal-entendido do Brasil, segundo o teatro da Companhia do Latão

As mutações pelas quais passa o Brasil hoje deixam a maioria dos observadores sem entender o rumo do país. Alguns arriscam dizer que estamos num momento de “queda do Império Romano”. Os hábitos mudam, as escolhas religiosas também se deslocam, e a sensação de uma vida ruim está na conversa trivial com o vizinho de porta, o motorista de aplicativo, a moça que atende na padaria.

Só 1% das pessoas chegou até o fim de 5 desses 25 filmes. Vai encarar?

Só 1% das pessoas chegou até o fim de 5 desses 25 filmes. Vai encarar?

Há filmes que se assistem. Outros, se enfrentam. São obras que não buscam agradar, mas inquietar — que recusam o conforto narrativo, a recompensa emocional fácil ou qualquer pressa. Eles não se explicam: exigem atenção plena, coragem estética e, muitas vezes, uma disposição rara de ficar diante do tédio, do silêncio ou do absurdo. São filmes que não querem entreter, mas transformar. E é por isso que quase ninguém termina.