É tudo culpa do amor à primeira vista

É tudo culpa do amor à primeira vista

Culpa dele. Impulsivo, ansioso, dependente de um coração que faça valer a pena as batidas do próprio compasso. Ah, esse tal de amor à primeira vista que nos faz perder o juízo. Se fosse só o juízo, até que estava bom. Perde-se o discernimento e a sensatez. Tudo em prol de uma nova possibilidade de encontrar a metade da laranja, a tampa de panela que, depois de tanto querer fechar, ora estava frouxa, ora pequena demais para um coração tão grande e tão cheio de amor para dar.

Qualquer felicidade é melhor do que sofrer por alguém que não se pode ter

Qualquer felicidade é melhor do que sofrer por alguém que não se pode ter

A mesma estrada que encerra, representa a possibilidade de outra começar. Quando se perde alguém, o caminho a progredir talvez seja o de se encontrar, porque ainda assim cambaleando, baleados, feridos e mal pagos, a dor nos coloca mais perto de nós mesmos. Todavia, seguir em pranto ainda parece uma razoável opção, já que nem todas as lágrimas são ruins. São restos de nós mesmos nos avisando para onde não devemos mais voltar.

A vida é muito curta para se pagar todas as dívidas

A vida é muito curta para se pagar todas as dívidas

É tanta dívida, que sobra pouco espaço para a vida plena. Parece uma maldição semântica: a palavra “vida” está contida em “dívida”. Para se viver com o mínimo de dignidade é preciso abstrair-se das dívidas. Se levarmos em conta que dívida não é uma coisa boa, não sobraria espaço para coisa boa na vida. Pois semanticamente a palavra “dívida” é maior que “vida”.

A vida é muito curta para fazer dieta

A vida é muito curta para fazer dieta

A vida é mesmo muito curta. Quantas vezes ouvimos falar que o tempo voa, quantas vezes os mais experientes nos disseram que queriam ter descansado mais, viajado mais, aproveitado mais os companheiros, os filhos. A gente nem vê os dias passando, justamente porque prevemos muita vida pela frente. Imagine quanto tempo nós já perdemos negando prazeres, deixando para aproveitar depois mesmo sabendo que nada retrocede. Então, de que adianta sermos prisioneiros de nós mesmos, escravos do tempo? Se sabemos que somos feitos de agora, não faz sentido esperar para desfrutar amanhã.

Ninguém basta a si mesmo. Não nascemos para ser sozinhos

Ninguém basta a si mesmo. Não nascemos para ser sozinhos

A vida perfeita é uma ilusão. Percorremos descalços pela estrada de paralelepípedos desalinhados da nossa existência: os pés machucam, e sangram; desistem, e param. Mas seguimos o caminho porque as cicatrizes nos mostram que ainda suportamos. Cicatrizes não são lembranças da morte, elas são as marcas de nossos milagres.