Sem reciprocidade, todo relacionamento vive à beira de um abismo

O amor, não há dúvida, é um combustível e tanto para a imaginação. Mas sonhar por sonhar é executável sozinho. É possível realizar mil feitos sem que haja alguém ao lado e, feliz, dividir a vitória com ninguém além de si. O problema é que não se pode sonhar pelo outro; não se podem responder cartas que o outro recebeu e sequer abriu; não se podem conjugar plurais por quem só pensa singular. Que me perdoem os jovens Verthers, mas amor platônico é um suplício.

Reféns do nosso comodismo, viciamos em prazeres rasos

Reféns do nosso comodismo, viciamos em prazeres rasos

Reféns da indisposição de pisar em terrenos distintos dos que nos parecem seguros, reduzimos a vida a um apanhado de situações previsíveis. É como se estivéssemos viciados no conforto que edredons, Netflix e individualismo proporcionam. Dá preguiça de correr 10 km para fortalecer o corpo e de amar mais vezes para engrandecer a alma. Ambos exigem comprometimento e entrega. Desacostumados com o que pede o mínimo de sacrifício, colecionamos prazeres rasos.

Será que o meu coração já virou pedra?

Será que o meu coração já virou pedra?

De saco cheio com a humanidade. Será que o meu coração já virou pedra? Só pode. Não o fumem, viciados! Quanto tempo perdido. Procuraram. Procuraram até encontrar a menina que estava desaparecida. Morta, aos seis. Foi num matagal, na periferia da cidade, entre latas, garrafas, cacarecos e muito lixo reciclável. Só a humanidade não muda. Farra para larvas e mosquitos. Ninguém segura a dengue. Ninguém segura a iniquidade humana. Nada me resgata do desencanto.

Amor é sonho. Casamento é despertador

Amor é sonho. Casamento é despertador

Romeu amava Julieta, que amava Romeu. Mas no meio do caminho tinha uma pedra, duas famílias em pé de guerra, um amor proibido, uma trama, um padre, um veneno, um punhal. Se existiu alguém que sabia a fórmula para eternizar o amor, esse cara era Shakespeare. Muitas histórias surgiram depois, alguns romances com final feliz e outras tantas tragédias amorosas, mas os jovens de Verona continuam sendo o arquétipo do amor juvenil. Até hoje, Romeu e Julieta esfregam em nossa cara que o amor existe, que amar é possível, e que ser feliz para sempre, bom, aí depende do ponto de vista.

Por que Romero Britto é o Paulo Coelho das artes visuais

Romero Britto é pastiche porque imita uma concepção estética superada. Apropria-se dos códigos visuais da Pop Art, especificamente de um pintor que ele admite colecionar: Roy Lichtenstein, talvez o artista pop mais importante depois de Andy Warhol, para o qual a mensagem social não tinha importância, mas que se preocupava em problematizar a própria técnica.