Tanto faz
Quase na entrada da estação do metrô ouço a voz rouca e empostada que desafia a mesmice do início da noite: “A tristeza é a morte do assalto celestial”. No vão central da praça o dono da voz, um mendigo de meia-idade, age como se fosse um imperador romano que enlouqueceu no último ato. Dramático, o soberano dá passos lentos, faz paradas repentinas e, sem ninguém esperar, estufa o peito, ergue o queixo e repete, imponente: “É a morte do assalto celestial!”