‘Viver é desenhar sem borracha’

‘Viver é desenhar sem borracha’

Eu sei, somos o resultado da soma dos nossos passos, mas, sinceramente, eu acredito que a nossa carga seria mais leve se uns e outros não tivessem cruzado o nosso acaso. Talvez esses encontros sejam obra do destino, e pela sorte ou falta dela, as tais uniões acontecem por alguma razão. Creio que seja uma forma de ensinamento e aprendizagem para ambos os envolvidos. A troca existe por algum motivo de lição e proveito, e uma vez entendida e superada, nos tornamos uma pessoa “melhor” e teoricamente mais preparada para a vida. Mas até que isso aconteça, que entendamos as razões desses encontros e aceitamos as suas consequências, ficamos presos num labirinto de porquês, escuro e sombrio.

O deputado, a empreiteira e a assessora parlamentar sem lingerie (uma picante história dos bastidores do poder)

O deputado, a empreiteira e a assessora parlamentar sem lingerie (uma picante história dos bastidores do poder)

Isso é uma indecência. Estima-se que 3% do PIB evaporem em corrupção e propina. Embora os dados não sejam do cassino do IBGE, acredita-se que estejam subestimados, assim como as contas secretas e as hemorroidas (quem tem só confessa sob delação premiada). Estimados contribuintes, odeio admitir que não passamos de um bando de patriotas nada confiáveis. Eu, por exemplo, não confiaria uma vida, nem uma bolsa de colostomia aos seus cuidados. Vocês metem-me medo, camaradas. Não duvido que metessem as mãos em titica em busca de vantagens.

Tem sempre um babaca cuspindo ‘sinceridade’ por aí

Tem sempre um babaca cuspindo ‘sinceridade’ por aí

“Desculpe a sinceridade, mas…”, adiantava a criatura perfeita ao primeiro interlocutor que encontrasse. Encantada com o som da própria voz, a inteligência de suas observações, o diâmetro de sua cintura, o brilho de seus dentes e a maciez de suas roupas de baixo, dizia na lata: “você devia se vestir melhor!” A vida inteira havia sido assim. Ajeitando o cabelo, buscava com os olhos uma vitrine, uma vidraça, uma panela areada, um espelho onde mirar o próprio rosto enquanto cuspia mais um de seus julgamentos a sangue frio, sem anestesia, na cara de um dos seus tantos alvos.

O amor é a seresta que fazemos para os nossos sonhos

O amor é a seresta que fazemos para os nossos sonhos

A memória guarda o que é bom, carinhoso e bonito, como os avôs de cabelos brancos e perfume exagerado, de camisas de linho e mãos calejadas. Como a história dolorosa de um amor, e a alegria da flor que brota do impossível chão. Então, nosso coração dança com as músicas que cantamos juntos, faz seresta pra quietude e acorda a noite estrelada.

Não dá pra construir um Brasil melhor com ovos de chocolate que não contenham glúten

Não dá pra construir um Brasil melhor com ovos de chocolate que não contenham glúten

Minha falta de fé anda irritante, eu reconheço. Tive um desentendimento com a minha mãe — e sei que isso é motivo mais que suficiente para que as minhas mãos sequem — por conta de um benzedor de cobras. Cria ou não cria naquilo? Não cri, pra variar. Enquanto eu ria, a gentil senhora fechou o cenho para me convencer que o sujeito convencia sim as serpentes a se escafederem do perímetro de uma gleba inteira, valendo-se apenas do instituto dos espasmos medonhos, trejeitos inimitáveis e muita, muita oração.