Tem sempre um babaca cuspindo ‘sinceridade’ por aí
“Desculpe a sinceridade, mas…”, adiantava a criatura perfeita ao primeiro interlocutor que encontrasse. Encantada com o som da própria voz, a inteligência de suas observações, o diâmetro de sua cintura, o brilho de seus dentes e a maciez de suas roupas de baixo, dizia na lata: “você devia se vestir melhor!” A vida inteira havia sido assim. Ajeitando o cabelo, buscava com os olhos uma vitrine, uma vidraça, uma panela areada, um espelho onde mirar o próprio rosto enquanto cuspia mais um de seus julgamentos a sangue frio, sem anestesia, na cara de um dos seus tantos alvos.