Todos os anos, produtoras, distribuidoras, atores e diretores se apavoram diante do mesmo monstro. O mercado, essa fera inclemente e sempre faminta por novidade, nunca se satisfaz com nada, e exige tudo: criatividade, inovação, picardia, choque. “Floresta de Sangue” sacia alguns dos muitos apetites da indústria, deixando a crítica boquiaberta e o público em êxtase, méritos de Sion Sono, um diretor que nunca teve medo do escuro da polêmica.

É a linha de chegada de 2021 e o momento do pódio para aqueles filmes que ficaram em primeiro lugar no coração do público, aqueles que tiveram maior audiência durante todo o ano na Netflix. Aqui, só há espaço para dez. E, fazendo uma retrospectiva, quantos filmes estrearam na plataforma! Foram muitas produções de qualidade e a promessa para 2022 é de que será ainda melhor.

A determinação de uma garota, perdida numa pequena vila de pescadores num país periférico da África, é descrita em todos os seus muitos detalhes em “O Diário do Pescador”. No filme, o diretor camaronês Enah Johnscott fala de uma personagem ficcional, Diana Ekah, que persevera em sua luta por receber educação formal, traçando um paralelo à história da paquistanesa Malala Youfsazai, vítima de um atentado que quase tirou-lhe a vida em 2012, só porque não abdicava de um direito básico de qualquer indivíduo.

Pablo Larrain mistura ficção e realidade no retrato de um dos maiores vultos da cultura e da política chilenas. Em “Neruda”, o diretor mostra o personagem-título, o poeta-senador Pablo Neruda, como um sujeito algo atormentado por seu espírito socialista e suas relações com os altos círculos do poder. Neruda era mesmo uma figura controversa, cuja atuação política pode ser questionada, mas que sempre prezou o gênero humano. E sofreu por isso.