Reunindo um popstar fora de época e uma escritora acidental, esta comédia romântica dribla o lugar-comum ao transformar a nostalgia em terreno fértil para a autocrítica e o afeto. Sem fingir originalidade onde ela não existe, o filme explora com inteligência as rachaduras da fama e o improviso do amor, compondo, entre ganchos melódicos e silêncios constrangedores, algo mais sincero que o esperado.
Quando um assassinato interrompe uma noite de gala na Casa Branca, uma investigadora nada convencional mergulha num labirinto de excentricidades, segredos presidenciais e vaidades à beira do colapso. Com humor ácido, clima farsesco e estrutura de mistério clássico, a série combina sátira política, intrigas palacianas e absurdos cuidadosamente coreografados, transformando o epicentro do poder em palco de delírios hilários e suspeitas improváveis.
Em um território devastado onde o pó cobre ruínas e certezas, um homem caminha em silêncio, guiado por um propósito que ultrapassa a compreensão comum. “O Livro de Eli” mergulha num futuro corroído por guerras religiosas, onde a fé sobrevive como arma e como escudo. Entre a brutalidade e o sagrado, o filme constrói uma jornada seca, simbólica e inquietante sobre poder, convicção e silêncio — e sobre o preço de preservar aquilo que já não se entende.
Num mercado saturado por fórmulas mornas e romances plastificados, esta comédia dirigida pela mexicana Analeine Cal y Mayor surpreende ao cruzar leveza narrativa com provocações nada superficiais. O que começa como uma sátira sobre fracasso literário evolui para um embate entre repressão e desejo, tradição e reinvenção. Mais do que rir, o filme convida a repensar os limites da autoria, da identidade e do prazer.
Há filmes que se assistem. Outros, se enfrentam. São obras que não buscam agradar, mas inquietar — que recusam o conforto narrativo, a recompensa emocional fácil ou qualquer pressa. Eles não se explicam: exigem atenção plena, coragem estética e, muitas vezes, uma disposição rara de ficar diante do tédio, do silêncio ou do absurdo. São filmes que não querem entreter, mas transformar. E é por isso que quase ninguém termina.
