Terror que marcou uma década e influenciou uma geração, na Netflix Divulgação / Mandalay Entertainment

Terror que marcou uma década e influenciou uma geração, na Netflix

Lançado há quase de três décadas, “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” permanece um dos slashers mais marcantes do cinema juvenil, não apenas por sua violência estilizada, mas por sua abordagem psicológica da culpa e do segredo. O filme acompanha quatro jovens que, após atropelarem um homem em uma estrada deserta e ocultarem o crime, veem suas vidas desmoronar diante de uma perseguição meticulosamente orquestrada. Em vez de se limitar ao terror convencional, a trama explora a corrosão emocional causada pela consciência pesada, tornando o medo tão interno quanto externo.

Começa como distração, termina como conforto. Às vezes, é só disso que a gente precisa. Na Netflix Divulgação / Atresmedia Cine

Começa como distração, termina como conforto. Às vezes, é só disso que a gente precisa. Na Netflix

Sob o verniz leve de uma comédia romântica, esconde-se um retrato agudo da instabilidade emocional contemporânea. “Gente que Vai e Volta” aborda as falhas silenciosas da vida adulta com sutileza e precisão, seguindo uma arquiteta em colapso que redescobre seus limites longe do cenário idealizado. Patricia Font constrói uma jornada íntima sobre fracasso, reinvenção e escolhas que sangram em silêncio.

Noites Brancas: Dostoiévski entre o devaneio romântico e a vertigem existencial

Noites Brancas: Dostoiévski entre o devaneio romântico e a vertigem existencial

Um jovem sonhador, enclausurado entre ruas desertas e fantasias desmedidas, tropeça no acaso de um encontro que parece prometer sentido à sua existência suspensa. O que começa como uma noite luminosa logo revela as sombras de um desejo que não se sustenta fora da imaginação. Entre o delírio amoroso e a recusa do real, emerge um retrato pungente da solidão moderna. Há ternura, mas também desamparo; há beleza, mas ela se dissolve no ar da manhã. Nesse breve intervalo entre sonho e frustração, delineia-se o esboço de uma nova sensibilidade — nem mais romântica, ainda não totalmente existencial.

Do mesmo diretor de Anora, a comédia mais inteligente (e deliciosamente errada) da Netflix para maiores de 18 Divulgação / A24

Do mesmo diretor de Anora, a comédia mais inteligente (e deliciosamente errada) da Netflix para maiores de 18

Num retrato ferozmente irônico da América de 2016, Sean Baker constrói uma fábula áspera sobre carisma tóxico, oportunismo e a estética do fracasso. “Red Rocket” acompanha um ex-ator pornô que retorna à cidade natal como parasita emocional, transformando ruínas pessoais em espetáculo. Sem buscar redenção, ele explora cada relação como palco, num país que recicla escombros com entusiasmo cínico.

O tempo que resta para ser esquecido

O tempo que resta para ser esquecido

Um dia, dominado pela pilha de nervos provocada pela Doença de Chagas, o meu velho correu até a sede da fazenda, catou o 38 e disparou um pipoco certeiro na fronte do boi tinhoso que estava apartado das demais reses. Ninguém entendeu nada. Foi uma cena bestial que redundou num baita prejuízo financeiro e emocional. A gente tinha assistido à execução sumária, mal calculada, do único reprodutor do rebanho. Como dívida impagável, o meu velho ficou com aquele ato de bruteza arquivado na gaveta da memória.