Pegue o seu calmante, terror na Netflix vai despertar todas as suas paranoias e neuroses Divulgação / Point Productions

Pegue o seu calmante, terror na Netflix vai despertar todas as suas paranoias e neuroses

Não há gritos no corredor. Nenhuma criatura rasteja sob a cama. Ainda assim, o medo que “Bebê Ruy”provoca é daqueles que permanecem — não por aquilo que revela, mas pelo que sussurra entre os silêncios de uma mulher em colapso. A protagonista, Jo, influenciadora digital recém-parida, vê o nascimento do filho coincidir com o desmoronamento da própria sanidade. A narrativa, ao invés de buscar explicações, opta por esgarçar os limites entre o cotidiano e o delírio, expondo como a rotina aparentemente banal da maternidade pode se transfigurar em um labirinto mental, onde o choro do bebê não é um som, mas uma sentença.

Mate a saudade de Paul Walker com thriller de ação que vai hipnotizar seus olhos, na Netflix Suzanne Tenner / Screen Gems

Mate a saudade de Paul Walker com thriller de ação que vai hipnotizar seus olhos, na Netflix

Há filmes que não buscam ser lembrados, mas apenas vistos. “Ladrões”, lançado em 2010 sob direção incerta de John Luessenhop, não aspira ao panteão dos inesquecíveis. Ainda assim, sobrevive na memória de parte do público por um motivo simples: não impõe exigência alguma além de estar ali. Ele se ancora nessa permissividade, nesse pacto silencioso entre espectador e tela que diz — sem prometer nada — que às vezes basta a ilusão de um golpe em andamento, tiros coreografados e rostos familiares para justificar uma hora e meia de desligamento.

Se existe um romance obrigatório na história do cinema, é a obra-prima de Sofia Coppola — e ela acaba de chegar ao Prime Video Yoshio Sato / Focus Features

Se existe um romance obrigatório na história do cinema, é a obra-prima de Sofia Coppola — e ela acaba de chegar ao Prime Video

A genialidade do filme reside em como ele trata a intimidade: como um reconhecimento. Charlotte e Bob não vivem uma paixão convencional; o que os une é a possibilidade de se enxergarem um no outro, de serem vistos com uma clareza que o mundo ao redor lhes nega. Essa conexão, delicada e tênue, é mais poderosa do que o amor romântico. É como se, por um instante, a tradução entre dois seres finalmente acontecesse — e isso bastasse.

Al Pacino e Keanu Reeves em um dos melhores thrillers do século 20, na Max Divulgação / Warner Bros.

Al Pacino e Keanu Reeves em um dos melhores thrillers do século 20, na Max

Ao longo das décadas, o cinema tem flertado com o imaginário demoníaco em múltiplas formas, mas raras vezes o fez com tanta sofisticação, coragem e lucidez como em “Advogado do Diabo”. Esta não é apenas uma história sobre ambição e tentação; é uma radiografia incômoda — e extraordinariamente articulada — do modo como o mal se infiltra em nossas vidas: não com chifres e enxofre, mas com charme, eloquência e promessas revestidas de ouro.

Filme com Chiwetel Ejiofor que tem 94% de aprovação no pipocômetro do Rotten Tomatoes, na Netflix Divulgação / 25 Stories

Filme com Chiwetel Ejiofor que tem 94% de aprovação no pipocômetro do Rotten Tomatoes, na Netflix

Não é difícil encontrar histórias de superação moldadas para inspirar, mas o que “Rob Peace”, dirigido e coescrito por Chiwetel Ejiofor, faz é o oposto do que se espera desse tipo de narrativa. Em vez de construir uma escada para a catarse, o filme desce degraus rumo a uma pergunta incômoda: o que acontece quando nem mesmo o talento, a educação e a dedicação conseguem romper a lógica implacável das desigualdades estruturais?