Autor: Solemar Oliveira

Um dos mais belos e perturbadores livros da história da literatura

Um dos mais belos e perturbadores livros da história da literatura

Dostoiévski, há muito, não é apenas um escritor. Transformou-se em uma espécie de oráculo, profeta, arauto de futuros e “criador” de bases filosóficas e científicas consolidadas. Quase na mesma proporção da Bíblia ou de “O Poderoso Chefão”, as obras de Dostoiévski possuem respostas para tudo, segundo alguns de seus seguidores mais fervorosos. Para este que vos escreve, Dostoiévski era, primordialmente, um contador de histórias.

Bula de Livro: O Marcador de Página, de Sigismund Krzyzanowski

Bula de Livro: O Marcador de Página, de Sigismund Krzyzanowski

O crítico em geral é um cara que adora dizer que bom mesmo não é o livro, filme, série, quadro, peça que todo mundo gostou, bom mesmo é o que só ele conhece. O sujeito que escreve críticas de cinema, teatro, programas de TV, séries, livros, manuais de instrução e bulas de remédios é um dos poucos seres humanos que pode escrever o que quiser, sem medo da crítica. Ele talvez só tenha um pequeno receio de que o autor passe a odiá-lo depois de sua crítica.

Como Dostoiévski explica o comportamento atual

Como Dostoiévski explica o comportamento atual

O filósofo grego Diógenes de Sínope caminhava, durante o dia, com uma lanterna acesa na mão, em meios às pessoas, e dizia: “procuro um homem”. Foi o fundador da escola cínica. Dessa façanha histórica, não podia sair coisa diferente. Se vivesse nos dias de hoje, poderia usar um holofote como lanterna, durante o dia, e vagar pelas ruas de quaisquer cidades em sua busca para, fatalmente, colher as mais sinistras experiências.

Bula de Livro: Formas Feitas no Escuro, de Leda Cartum Divulgação / Fósforo

Bula de Livro: Formas Feitas no Escuro, de Leda Cartum

Uma belíssima edição, com uma capa atraente e cativante. O livro é dividido em três partes. Começa meio tímido, arrisca pouco. O termo “um homem…” dá o tom, o início. Daí vem um dilema, uma máxima, uma interpretação. São microcontos de literatura fantástica. Pílulas de um mundo à margem, com gente neles vivendo de migalhas inusitadas de vida e sopros repentinos de entendimento. Talvez seja o mesmo homem o tempo todo. Não se sabe. “Um homem preparava arsenais invisíveis; afiava facas por baixo do pano; lustrava armaduras minúsculas; tensionava os músculos, pronto para uma guerra que iria travar sozinho a cada dia atrás da porta.