As Lembranças do Porvir, de Elena Garro
Em seu papel de avanço da linguagem, “As Lembranças do Porvir” é um exemplar destemido. O texto é lírico de uma maneira estrategicamente elaborada, com parágrafos belíssimos e geniais, onde cada frase é uma obra de arte. A abertura do livro poderia estar entre os melhores inícios de livros de todos os tempos: “Aqui estou, sentado sobre esta pedra aparente. Só minha memória sabe o que contém. Vejo-a e me recordo, e como a água vai para a água, assim eu, melancólico, venho me encontrar em sua imagem coberta pelo pó, rodeada pelas ervas, fechada em si mesma e condenada à memória e a seu espelho variado.