Autor: Solemar Oliveira

Cupim, de Layla Martínez

Cupim, de Layla Martínez

A narrativa é imersiva, envolvendo o leitor em uma casa que carrega memórias, traumas e histórias não resolvidas, onde as gerações de mulheres lutam para sobreviver em um espaço impregnado de herança cultural e opressões sutis. A casa, mais do que um cenário, é uma personagem viva e pulsante, receptáculo de medos e desejos reprimidos. Martínez explora a tradição mística e os confrontos de gerações com uma sensibilidade que nos prende até o último parágrafo.

Fup, de Jim Dodge

Fup, de Jim Dodge

Uma narrativa inesperada e repleta de absurdos que mistura humor negro, criatividade surreal e personagens icônicos. Com toques de filosofia e uma crítica velada à relação entre humanos e animais, a história apresenta situações inusitadas e um vilão incomum. No centro, um velho ranzinza e seu neto distraído, acompanhados por uma figura inusitada que transforma suas vidas. A obra explora a efemeridade da vida, mesclando sorte, mistério e reviravoltas surpreendentes em uma trama ácida e divertidíssima.

A Última Tentação: a obra-prima que consagrou Nikos Kazantzákis

A Última Tentação: a obra-prima que consagrou Nikos Kazantzákis

Nikos Kazantzakis oferece uma visão profundamente humana e complexa de Jesus, desafiando as concepções tradicionais com um retrato que mescla divindade e humanidade. Martin Scorsese, capturando a essência dessa narrativa, transformou-a em um filme que explora os conflitos internos e as tentações enfrentadas por Jesus de maneira única e provocativa. O filme não apenas retrata um Jesus que luta com sua missão e identidade, mas também apresenta um diálogo intenso entre fé e dúvida, encarnação e espírito. Esta abordagem, rica em simbolismo e questionamentos teológicos, oferece uma perspectiva rara sobre a figura mais enigmática da história.

A Mercadoria Mais Preciosa — Uma Fábula, de Jean-Claude Grumberg

A Mercadoria Mais Preciosa — Uma Fábula, de Jean-Claude Grumberg

Li “A Mercadoria Mais Preciosa – Uma Fábula”, de Jean-Claude Grumberg. É o livro mais simples, direto e contundente que li esse ano. Apesar das afirmações do autor de que nada ali é verdade, nada além do amor possível e improvável entre humanos, que parece um estranho no cenário da segunda guerra mundial e do extermínio em massa de judeus, o livro é o retrato de uma realidade histórica terrível.

É a Ales, de Jon Fosse

É a Ales, de Jon Fosse

Li “É a Ales”, de Jon Fosse, e fiquei desconfiado. Em tempo, explicarei. Se o livro não carregasse timbrado o logo de ganhador do Prêmio no Nobel, por causa de seu título cacofônico talvez ficaria encalhado nas prateleiras das livrarias. Para além desse detalhe, o livro é peculiar, não exatamente num bom sentido. Fosse empenha-se, claramente, em desenvolver uma estilística única, diferenciada. Em grande parte do livro, a história efetivamente não acontece. Os eventos são arrastados, fazem pouco sentido, estão imersos numa neblina fria e na descrição vertiginosa do autor. Talvez seja culpa do clima norueguês.