Autor: Matheus Tévez

Quando a cegueira ideológica contrasta com a morte

Quando a cegueira ideológica contrasta com a morte

O distópico mundo da cegueira ideológica contrasta com uma realidade dura, cheia de perdas incontáveis — tudo no mesmo balaio. São traços da marcha fúnebre brasileira, que caminha a passos largos para a lata de lixo da história, estranhamente, ao som de músicas nacionalistas, cânticos de aniversário e dores abafadas.

Enquanto o Brasil compra containers para guardar corpos, os políticos decidem reabrir os shoppings

Enquanto o Brasil compra containers para guardar corpos, os políticos decidem reabrir os shoppings

No Brasil, após um interstício de pseudoisolamento social, com um índice pífio de cumprimento das medidas adotadas e uma indiferença premeditada pelo governo federal, a tendência é a reabertura. Na contramão da lógica, o país, que acaba de alcançar o pico mundial na média de mortes diárias, força a barra e — utilizando uma linguagem popular — “paga de maluco” para atender aos anseios de empresários.

Ser indiferente a o que está acontecendo não deixa de ser uma forma de cumplicidade

Ser indiferente a o que está acontecendo não deixa de ser uma forma de cumplicidade

O Brasil, a despeito disso, parece estar em um multiverso desconexo. Populares saem às ruas com suas bandeiras e camisas verde-amarelas para exaltar uma figura como herói e recriminar todas as instituições que estejam a arranhar essa imagem mitificada. Esse contraponto, com pessoas aglomeradas, munidas de negacionismos e síndrome de perseguições, conta com a participação eloquente do próprio presidente, que surge sempre orgulhoso de seus adeptos cegos.