Autor: Marcelo Mirisola

Os meninos do Dante

Os meninos do Dante

Tive a nítida e definitiva sensação de que mudamos de estação (frequência, paradigma, corte epistemológico, entendam como quiserem) quando dei a segunda mordida no sanduíche de pernil lá no Estadão. Pois bem, depois te ter driblado alguns cadáveres na Major Quedinho, cheguei no bar; encontrava-me encostado no balcão relativamente pacificado a respirar os vapores pútridos da cidade, eu & meu sanduíche de pernil, quando ouvi guinchos e ruídos ameaçadores no local.

Texugo de mocassim

Texugo de mocassim

Preconceito, às vezes, tem mais a ver com a época em que você viveu e os costumes das pessoas que o educaram (ou mal educaram) do que contigo ou com mau-caratismo propriamente dito. Todavia ele é seu, só seu. O ideal é que não se transfira para terceiros. Mas para isso precisaríamos identificá-lo. Às vezes não o reconhecemos porque a condenação foi instilada no pacote à nossa revelia.

Conexão Herodes: crime e cultura em Ipanema

Conexão Herodes: crime e cultura em Ipanema

Existem as caricaturas, o sensacionalismo, a apelação, a esculhambação e falta de respeito explícitos, e existe o distanciamento científico, a cultura e o gênio dos homens acima de qualquer suspeita e, sobretudo, acima do ridículo. O objeto é o mesmo. Difícil achar um meio-termo. Tentei na ficção porque é o esconderijo perfeito. E mais do que esconderijo, a ficção poderia ter sido um álibi perfeito. Infelizmente não funcionou.

Borogodó e modernismo brasileiros — 100 anos de jequice

Borogodó e modernismo brasileiros — 100 anos de jequice

A idealização/exploração do oprimido não é invenção nem exclusividade nossa, apesar do solo fértil e do oportunismo nativo. Além de sermos cônscios e orgulhosos de nossas pantagruélicas pequenezas, usufruímos cinicamente da boa e exemplar selvageria há séculos, os mais torpes chamam de “resistência”, e os mais debochados de “brasilidade”.