Autor: Marcelo Mirisola

Na baixada do Glicério ou no Vidigal é tudo igual

Na baixada do Glicério ou no Vidigal é tudo igual

O Brasil está entorpecido de uma breguice lisérgica mais despirocada do que qualquer viagem de ácido, uma bad-trip jeca-fundamentalista que cozinha neurônios há pelo menos três gerações. A cultura brasileira, hoje, causa mais demência e incapacidade cognitiva do que qualquer droga lícita ou ilícita. E aí vão querer me convencer que os uivos, guinchos e ganidos contra as drogas ilegais não são exclusivamente uma questão estética-político-ideológica?

Nove de maio, onze de agosto

Nove de maio, onze de agosto

A primeira providência foi comprar uma agenda para ela. E deixar os acertos por conta dos desconcertos do dia a dia. Vale dizer: deixar que o inusitado acontecesse à revelia, e se possível manter uma distância segura para que o dia a dia não o paralisasse completamente.

É isto um homem, Chico?

É isto um homem, Chico?

Penso que todo candidato a escritor, e todo sujeito(a) que se ocupa em escrever livros, devia, antes de publicar qualquer coisa, passar por “É Isto um Homem?”. E, somente depois de viver a experiência (significa mais do que simplesmente “ler”), pesar os prós e os contras de interferir através de seus livros na vida de terceiros. O ideal seria que procurasse outra coisa para fazer. Seria o melhor para todos.

Prisões, açougues e democracia

Prisões, açougues e democracia

A impressão é que o mundo, hoje, sofre de uma síndrome de não-pertencimento, mas a coisa não é tão chique assim. Denominar dessa forma é quase dar uma transcendência para algo que não é coisa alguma. O mundo sofre mesmo de bursite tecnológica, vivemos na era das bolhas digitais. O anacronismo é geral, não são apenas as medalhas e as honras aos méritos dos medíocres que perderam o sentido, os lugares e oráculos do século 20 não existem ou não tem mais necessidade de existir.

O Nelson Rodrigues japonês, só que masoquista

O Nelson Rodrigues japonês, só que masoquista

Queria falar de Junichiro Tanizaki como alguém que vislumbrou um bem-querer em meio ao caos. Não é minha intenção, aqui, tomar um distanciamento crítico nem escrever uma resenha ou algo que o valha. O que desejo é reafirmar a identidade que somente um leitor apaixonado pode ter com os livros que lhe tocaram, já falei disso numa crônica recente publicada na Bula.